Cadu Moura“Uma Vida Oculta” é o mais novo filme do cultuado e recluso diretor Terrence Malick, e que volta a um modelo de narrativa mais tradicional após vários filmes apoiados em sua estética intimista e ao mesmo tempo contemplativa de seus últimos quatro filmes.
Aqui ele nos traz uma história baseada em fatos reais, onde Franz (August Diehl), um camponês austríaco que vive num pequeno vilarejo com a esposa Franziska (Valerie Pachner) e suas filhas, e que acaba preso após se negar jurar lealdade ao governo de Hitler por convicções pessoais e religiosas.
A potência da premissa por si só ancoraria uma boa história, e Malick consegue rechear esse debate filosófico e político com grandes cenas e tomadas belíssimas tanto no campo quanto no claustrofóbico presídio militar, onde a posição da câmera mais abaixo causam diferentes percepções nesses dois ambientes distintos, que se equivalem ao céu e ao inferno respectivamente no contexto narrativo.
A fotografia de Jörg Widmer é primorosa, compondo ainda mais o melodrama do protagonista que defende princípios e busca respostas às contradições em que vive, e conjuntamente com a melódica e igualmente graciosa trilha sonora de James Newton Howard, traduzem a linguagem de Malick através de seus questionadores personagens em seus subconscientes.
August Diehl e Valerie Pachner estão muito bem em seus papéis e empregam a emoção necessária que a história exige, e os demais atores do elenco, em suas pequenas passagens pela vida de Franz, trazem subtextos formidáveis ao eixo central das consequência que o protagonista enfrenta ao ser radical em seus valores, e transformam o filme em mais uma importante obra na grande filmografia de Terrence Malick.