O cineasta neozelandês Taika Waititi tem sua filmografia bem demarcada pelo humor cáustico e direto, em obras originais como “O Que Fazemos Nas Sombras” (2014), “Hunt for the Wilder People” (2016) e “Thor Ragnarok” (2017), este sendo o filme que o fez alcançar o grande público e lhe ser confiado o projeto de “Jojo Rabbit”.
O filme traz a história do jovem Jojo (Roman Griffin Davis), que vive apenas com sua mãe Rosie (Scarlett Johansson) na Alemanha nazista e é um pequeno entusiasta do nacionalismo vigente, tendo no amigo imaginário Hitler (Taika Waititi) um parceiro nessa paixão cega.
Porém, Jojo descobre que sua mãe esconde em sua casa a jovem judia Elsa (Thomasin McKenzie), e no contato com ela Jojo começa a compreender a realidade por trás do regime nazista e suas implicações.
Apesar de ter em todos os diálogos e referências a marca da comédia de Waititi, a força do filme está nos momentos dramáticos pincelados ao longo do filme, e que fazem um bom contraponto à caminha no terreno perigoso de fazer comédia com a questão do nazismo.
Tecnicamente o filme é realizado com primor, e sua montagem agrega muito à narrativa, assim como o figurino e seu design de produção, que mesmo sendo de época resguarda um pouco do estilo do diretor nos pequenos detalhes, como as cores das camisas xadrez do garoto ou as cores do sapato de sua mãe, fundamentais em termos cinematográficos.
A trilha sonora contemporânea amarrada na trilha instrumental do ótimo Michael Giacchino também dão um clima cool em meio a tantas atrocidades vistas e faladas com um humor arriscado, que se torna divisivo sim pela seriedade do tema, mas que funciona no objetivo de conscientizar com o uso da comédia.
O elenco funciona muito bem, mesmo os atores e atrizes com menos tempo de tela, mas o garoto Roman Griffin Davis, Scarlett Johansson e Thomasin McKenzie dão um bom peso quando o assunto sério chego, e mostra uma boa e surpeendente mão do diretor para o drama, o que quem sabe possa ser ainda melhor explorado em algum futuro projeto.