“Frankie”, filme que faz parte da mostra competitiva do Festival de Cannes do ano passado, aborda a perspectiva de uma atriz chamada Frankie (Isabelle Huppert), que sabendo que devido a uma doença não viverá por muito tempo e decide reunir sua família e pessoas queridas numa viagem em família pela região de Sintra, em Portugal.
Dentre os vários convidados, tem seu atual marido Jimmy (Brendan Gleeson) com certa inconformidade com a situação, sua filha de outro casamento Sylvia (Vinette Robinson) que está em crise com seu casamento e com o impacto disso com sua filha Maya (Sennia Nanua), que ao mesmo tempo explora uma praia local com conhecidos da região.
Além deles, está também o ex-marido de Frankie, Michel (Pascal Greggory), que se dedica a explorar o local turisticamente com um guia português, e seu filho com Frankie, Paul (Jérémie Renier), em crise sentimental sob diversos aspectos, o que motiva Frankie a querer apresentar sua grande amiga Ilene (Marisa Tomei) a ele.
Essa salada de interações, problemas, incomunicabilidade e reflexões são costuradas por Ira Sachs em diálogos ao longo de caminhadas e passeios pela região portuguesa, linda e muito bem fotografada por Rui Poças, com a questão central que une todos ali sempre sempre presente ou na figura de Frankie na tela, ou na visão dos convidados sobre ela.
Apesar da boa participação do ótimo elenco, talvez diluir a premissa central da protagonista em diversos familiares e amigos diminui o contexto narrativo de uma personagem com uma boa profundidade no aspecto profissional, sentimental como esposa e ex-esposa, como mãe e como amiga, e tendo a excepcional Isabelle Huppert á disposição se torna um tremendo desperdício dramático pro filme.
A cena final explora bem o que a protagonista construiu ao longo de sua vida no campo familiar ao observar todos contemplarem a paisagem bucólica ao longo de um pôr do sol, onde as cores vão se adensando conforme os integrantes se afastam do cenário lentamente e de certa forma divididos em núcleos, e resume bem o significado narrativo que Sachs traz neste filme – e também de seus próprios problemas.