Filme de estréia do francês Dominique Rocher, “A Noite Devorou o Mundo” usa do gênero de horror para falar sobre a solidão contemporânea, contando a história de Sam (Anders Danielsen Lie), que vai ao apartamento de uma amiga e visível interesse romântico para buscar suas fitas deixadas no apartamento dela, e acaba adormecendo ao aguardá-la no escritório do apartamento, após encontrar seus itens.
Quando acorda, Sam se depara com o apartamento todo destruído e manchado de sangue, e o prédio onde se localiza cercado de vários zumbis, forçando-o a sobreviver nessa nova realidade afastada do contato humano e tendo que se adaptar com os instrumento que têm à mão naquele espaço confinado.
Rocher maquia um drama sobre solidão e a dificuldade de seguir em frente com a estética de filmes de zumbi, e como diversos grandes cineastas no passado, se utiliza dessas ferramentas narrativas de gênero para ilustrar uma crítica social contemporânea através do filme de horror.
O silêncio e a solidão do protagonista exigem bastante do jovem Anders Danielsen Lie, e ele nos dá uma interpretação digna e sem maiores maneirismos sobre seu personagem, e o ritmo lento, quase parado, se justifica pela situação e pelo que o cineasta pretende com aquela história, deixando clara a sua intenção no seu desfecho, com os conflitos bem solucionados, mesmo que em sua maioria interiorizados na composição do personagem.
O capricho do design de produção e do som, além da maquiagem bastante cedente dos zumbis, dão um tempero a mais a este bom filme, que se decepciona os fãs de horror mais ansiosos, agrada em cheio quem procura uma grande história contada de forma diferente e substancial.