Onde ver: Cinema (a partir de 05/12)
8.5Nota da Hybrido
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9.4

Um dos maiores sucessos deste ano nos cinemas norte-americanos, “As Golpistas” vem alcançando inclusive um bom cenário para as premiações da temporada na crítica e, quem sabe na indústria, principalmente em cima da volta de sua atriz mais conhecida, Jennifer Lopez.

Baseado em artigo publicado numa revista, o filme conta a história de como Destiny (Constance Wu), uma stripper asiática iniciante, conhece a experiente Ramona (Jennifer López) e inicia sua carreira no meio. Após a crise econômica de 2008, elas e outras strippers se reúnem para construir um plano para sobreviver nessa nova realidade.

Com uma narrativa estruturada em forma de entrevista através de sua protagonista, Scafario nos conta a história destas duas amigas ao longo do tempo, através de relatos que nos remetem a flashbacks que vão iluminando nosso conhecimento sobre como aquela amizade ficou abalada até o tempo presente.

O roteiro, escrito também pela diretora, sabe explorar bem os conflitos inerentes aos filmes do gênero envolvendo golpistas, e une a um universo já bem retratado no cinema mas, desta vez, sob o viés das mulheres que trabalham no ramo, seguindo os bons passos do filme “Showgirls” (1995), de Paul Verhoeven, ao humanizar as mulheres vendidas como objetos nos palcos de clubes noturnos.

Com montagem ágil e fotografia que reforça bem o neon, e que explora bem o mundo das boates de strip-tease, a diretora consegue fazer o uso de boas soluções dentro da narrativa, como por exemplo um trecho onde o diálogo se transfigura pelo áudio de uma escuta, ou o uso de mecanismo de censura quandoa  entrevistada cita o nome da vítima de uma controvérsia entre as golpistas.

O filme explora muito bem o carisma de Jennifer López para sua personagem, onde a força de persuasão de Ramona fica transparente e orgânica no descritivo dos relatos da protagonista-entrevistada, e López incorpora a personagem para além dos estereótipos físicos, trazendo muita alma à líder das golpistas.

Interessante também citar o quanto Scafario sabe lidar ao longo de seu filme com problemas clássicos da indústria quanto à personificação das mulheres em filmes deste gênero, tratando suas personagens femininas com o empoderamento necessário, invertendo os papéis dos personagens masculinos (aqui propositalmente bastante secundários), e com uma mensagem forte sobre a “terra das oportunidades” sob a perspectiva feminina, o que no conjunto justifica bastante o peso, a importância e o sucesso deste filme.