Vencedor do Grand Prix do último Festival de Cannes e o primeiro filme dirigido por uma negra a concorrer à Palma de Ouro, “Atlantique” é um filme senegalês que cativa por sua abordagem original frente a uma história de amor em meio a um contexto contemporâneo envolvendo o continente africano.
A história é simples: Ada (Mame Bineta Sane) é uma jovem que namora Suleimane (Traore) às escondidas, mas é prometida a um casamento com um homem rico. Porém, Suleimane embarca junto a um grupo num barco sem avisar Ada, que fica arrasada. Com o tempo, situações estranhas passam a ocorrer no bairro de Ada, com consequências imprevisíveis.
Diop constrói a condução da história de forma bem interessante, onde acompanhamos Suleimane na introdução, e de repente o protagonismo passa a ser todo de Ada, sabendo usar bem a estética da luz solar e árida das manhãs com a luz azulada e quente do luar, que corresponde bem aos estágios que a história exige.
A trilha sonora é um ponto a se destacar pela sua energia e pelo tom que as fases da narrativa exigem ao longo do filme, e a fotografia é cuidadosa ao movimentar a câmera com sutileza ao longo do filme, em especial nas cenas envolvendo paredes espelhadas.
Ao todo Mati Diop realiza um ótimo filme, com bastante talento naquilo que lhe coube principalmente pela direção, sendo mais um talento feminino a aflorar no cinema mundial e que merecerá ser acompanhada com atenção a partir daqui.