“Crip Camp” (2020)
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10.0

Às vésperas do evento histórico de Woodstock foi criado o grande acampamento Jened. Com ótima estrutura, o Camp Jened recebia diversos jovens deficientes físicos no final dos anos 60, início dos 70, e se tornaria um marco da inclusão destas pessoas na sociedade norte-americana. Era uma espécie de paraíso para estes jovens. A produtora vencedora do Oscar de 2020, Higher Ground, conta com os diretores documentaristas Nicole Newnham e James Lebrecht (ex-campista) para narrar esse deleite.

O local – com um poder inimaginável de incluir – tinha uma quantidade grande de deficientes, até os monitores eram deficientes. O que se via lá? Apenas piadas, músicas, sexo (sim), drogas, socialização e um propósito: ser feliz de um modo que jamais tinham sido. A montagem aqui é dinâmica e explicativa. A partir de um acervo de imagens absurdamente detalhado e rico do próprio campo, os diretores contam como um tempo tão único e sem pretensões, que não fosse o fato de ser feliz, foi assaz importante para a inclusão destas pessoas na sociedade de maneira completa.

A proposta da película urra. Há de se lembrar o que foi criado por aqueles campistas. Vemos tais resultados nos dias de hoje – inclusive – em nosso país. De fato, o mais importante se deu após aqueles dias de Camp Jened: aquilo foi chamado de “revolução inclusiva”. Inspirador. A obra é contada também por ex-campistas. O que é fenomenal. Eles conseguem criar e provocar uma ruptura com o sistema, sempre preconceituoso.

Quando aqueles jovens largavam o Jened, voltavam para suas casas e para seus preconceitos e realidades cruas. Então a edição começa a exibir de perto todo o lado triste, sofrível e doloroso do preconceito e de como foi árdua a vitória política daquele movimento. Os campistas persistentes passaram noites em claro nos departamentos de Estado em Washington nas tratativas tristes de conseguirem a aprovação de seus direitos. Mas obtiveram êxito.

Um filme intimista, espetacular, engraçado, engajado e inclusivo. Faz com que as gerações mais jovens olhem com amor e ternura para aquelas pessoas e possam aprender de maneira singela como se deu tal sucesso. Provoca tamanha empatia no espectador. Definitivamente você termina o documentário com uma visão completamente evoluída e desprovida de preconceitos (caso ainda exista isso).