Cadu MouraHebe Camargo foi uma das principais apresentadoras da TV brasileira, a ponto de ganhar um filme onde é protagonista. “Hebe – A Estrela do Brasil” nos apresenta um recorte na vida desta mulher, entre o fim da Ditadura e o início de sua ascensão no SBT.
O filme traz muitas licenças poéticas com relação à real história de vida de Hebe, mas todas colaboram com a fluidez e emoção do roteiro com relação à sua protagonista, sendo que seus valores contraditórios seguem intactos ao longo dessa obra.
Andrea Beltrão, mesmo sem a voz e o semblante parecidos com as de Hebe, consegue captar os trejeitos e a essência da persona a ser transposta à telona, empregando muita credibilidade e talento na sua tarefa de conduzir o fio dramático do filme do início ao fim, sem quase nunca escorregar para o piegas.
O trabalho de design de produção é muito cuidadoso, e a direção e fotografia fogem um pouco do padrão “globalizado” das grandes produções nacionais, inclusive optando por tomadas e movimentos de câmera que casam bem com a inquietude de sua protagonista, usando sempre muito bem o contraste dos holofotes do seu palco no vislumbre do peso que sua palavra representava na TV da época.
O viés mais generoso que o habitual com relação à Hebe Camargo e uma trilha sonora que passa um pouco do tom nas cenas com maior teor dramático prejudicam um pouco a experiência, mas nem de longe condenam esta boa produção nacional neste 2019 que se mostra fantástico para o nosso cinema em diversas porções, e para todos os gostos.