Onde ver: cinemas
8Nota da Hybrido
Votação do leitor 8 Votos
8.3

Eis que o habilidoso Chad Stahelski chega a seu terceiro filme como diretor. Ele – que está cotado para dirigir o novo Highlander nos cinemas – mergulha de vez nesse submundo da desordem e da coreografia magistral. Sim, sua terceira obra na carreira não poderia ser outra, que não fosse a expansão do universo de John Wick. A ação, que chega agora a seu terceiro ato, é o que de fato ele domina, como já sabemos. E vai além aqui. Estejamos preparados para o universo do impossível.

Aprendemos com Jason Statham, Jason Bourne, Ethan Hunt, Steven Seagal, Charles Bronson, até com James Bond. Stahelski conta com seu elemento certo pra isso: Keanu Reeves é o cara do momento. Se isso te incomoda, esta película não é para você. Em parabellum, do latim “prepare-se para a guerra”, tudo começa exatamente no ponto onde terminou o capítulo 2.

John Wick atravessa Manhattan ensanguentado fugindo a pé de uma rede de assassinos profissionais após ter descumprido uma regra máxima desta rede da qual ele fazia parte. O prêmio de US$14 milhões é oferecido a quem o exterminar. A cada segundo que o filme avança, a impressão é de que a população global é toda composta por matadores da Alta cúpula do tradicional hotel Continental, onde se desenvolviam todas as negociações deste mundo. Quem não viu os dois primeiros capítulos pode estranhar a falta de respiração do início do filme. Logo ali, já nos damos conta de estar cansados com Reeves no mesmo tom das obras passadas.

Desde que perdeu seu cachorrinho, retomou contato com mafiosos e não mais conseguiu se aposentar, Wick segue ainda mais compenetrado neste terceiro ato. Ao trazer a enriquecedora presença de atrizes como Angelica Houston e Hale Berry à trama, torna-se mais fácil ainda de se compreender como começou e como funciona a
High Table (Mesa Alta – nome da organização de John Wick).

O pouco tempo delas em tela é acertadamente melhor ao filme. E a dupla Reeves e Berry funciona bem em seus momentos de pancadaria também ornamentadas de maneira espetacular.

Em termos de estética, Chad Stahelski preserva a ambientação já criada anteriormente. Seguimos num neon belíssimo não cansativo que – no início do filme – lembra bastante a caminhada inicial de Blade Runner do Ridley Scott. E é esse início tão intenso que me traz aqui três cenas de ação com a melhor execução possível. Uma
luta dentro da biblioteca pública de Nova York, a sequência numa loja de antiguidades com facas e armas das mais diversas e, por fim, minha favorita: John Wick montado num cavalo fugindo, lutando e executando seus oponentes no mais perfeito balé coordenado por Stahelski.

Tudo praticamente em silêncio. Sonoplastia aqui lida apenas com o ambiente e com o ótimo som de tiros e da execução dos doloridos golpes. Vale lembrar que o diretor foi dublê de Keanu Reeves em Matrix. Arnold Schwarzenegger, por exemplo, em True Lies de 1994, com seu cavalo, nem chega perto do que vemos aqui.

Apesar do exagero absurdo e da falta de lógica do roteiro, a edição que se segue faz com que possamos ter uma experiência mais real. O diretor faz uma homenagem ao cinema de Bruce Lee em vários momentos. E não apenas a insistência em poucos cortes nos traduz algo possível, mas também a entrega de Keanu Reeves: ele esteve presente em praticamente 90% das ações do filme. Portanto o vemos sempre extenuado.

Diferente de muitos diretores, podemos acompanhar os combates agitados devido à posição firme da câmera de mão de Stahelski. Não há aquela tremedeira habitual do gênero nesta obra.

Espero que a dupla Keanu Reeves e Chad Stahelski seja tão ousada quanto ao final do filme. Que retornem logo. A torcida é para que elementos novos entrem no roteiro e assim possa ser mantido o padrão elevado da saga de John Wick. O gosto por essa aula para o cinema de ação segue alto em nosso paladar.

(vejam também a review sobre os dois filmes anteriores AQUI )