FESTIVAL DO RIO 2019
8Nota da Hybrido
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Vencedor do prêmio de melhor atriz no último Festival de Cannes, entregue à Emily Beecham, o filme “Little Joe” é mais uma boa opção dentro da curadoria feita pelo Festival do Rio 2019, misturando bem os gêneros de suspense e ficção científica num enredo interessante.

Vemos aqui a história de Alice (Emily Beecham), uma mãe solteira que trabalha como geneticista de plantas numa empresa focada no desenvolvimento de novas espécies. Junto com seu colega Chris (Ben Whishaw), ela desenvolve uma planta que vive de amor, chamada de Little Joe em homenagem ao filho de Alice, Joe (Kit Connor),

Às escondidas, Alice decide presentear seu filho com um Little Joe, e em paralelo são levantados questionamentos éticos e científicos acerca do desenvolvimento de Little Joe na empresa, o que traz consequências perigosas a todos os envolvidos, principalmente os que tiveram contato com aquele espécime.

A diretora austríaca Jessica Hausner realiza um belo trabalho de direção, principalmente quando opta em explorar a coloração quente de Little Joe na sua fotografia, e sempre deixando seu foco fissurado e vagaroso na planta ou em sua localização, independente do diálogo ou da cena desenvolvida.

O uso de sons incidentais desenvolvidos por Teiji Ito (compositor japonês dos anos 60) por vezes é intrusivo demais, mas consegue dar o tom de estranheza necessária pro espectador perpassar toda a narrativa com a tensão necessária que expõe a dúvida sobre se Little Joe é ou não é uma planta perigosa.

A premiada Beecham entrega uma interpretação sóbria como a protagonista, e assim como todo o elenco, trabalha na sutileza para a devida sinergia com o eixo central de mistério e desconfiança estabelecido desde a sua introdução até o final.

“Little Joe” é um bom suspense com toques de ficção científica, com um argumento muito interessante para analisarmos enquanto metáfora tanto os perigos de se brincar de Deus com a engenharia genética como mostrar o quão complexo é o problema de sociabilidade e compaixão em nossa sociedade.