MALI TWIST, 2022, de Robert Guédiguian
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8.2

Mali Twist (Twist a Bamako) se passa em 1962, em uma Mali pós independência, tomada pela efervescência das transformações políticas. Neste cenário de esperançosas mudanças, acompanhamos Samba, um jovem líder revolucionário que viaja pelas vilas propagando a adoção de ideias e comportamentos socialistas e incentivando o cultivo da agricultura como forma de subsistência.

No trajeto de volta de uma de suas viagens, Samba encontra Sara escondida na caçamba de sua caminhonete. Sara é uma jovem submetida a um sistema de violentos costumes patriarcais, que foi vendida por seu pai ao herdeiro de sua vila, como forma de garantir a sobrevivência de sua própria família. Aprisionada a um casamento abusivo e vítima de violência física e sexual, Sara vê no grupo de jovens revolucionários sua única possibilidade de fuga de uma vida de escravidão.

Sara pede ajuda para chegar a Bamako, Capital de Mali, onde morava antes de seu casamento. Mesmo contra os conselhos dos amigos, Samba decide ajudar a moça e, apesar do predestinado insucesso da relação –  já que Sara é casada e adultério é crime grave – ambos se apaixonam.

O retrato cinematográfico de períodos históricos, específicos e políticos, tende a ser permeado por contradições. Em Mali Twist não é diferente.

O filme é dirigido pelo cineasta Robert Guédiguian, que em entrevista, mencionou que a ideia para o filme partiu de uma fotografia em que dois jovens dançavam alegremente – fotografia que origina o cartaz do filme. Inclusive, no decorrer do filme, o diretor reproduz outros registros deste tipo, em fotos em preto e branco que contrastam com o restante da fotografia, retratando uma juventude alegre, porém contraditória e constantemente questionada pela influência estrangeira. Inclusive o próprio ritmo – twist – chega a ser proibido, sob a justificativa da perpetuação estrangeira em um país recém emancipado.

Desta forma, a reapropriação cultural se confronta constantemente com os costumes e influências remanescentes dos anos de colonização, o que provoca o questionamento dos revolucionários acerca das limitações de suas convicções perante uma estrutura que, por uma série de questões, simplesmente não está disposta a bancar mudanças tão rápidas.

Nesse sentido, Samba e Lara representam a oposição a um regime de imposições e crenças inquestionáveis, em que o exercício da liberdade  e autonomia sobre a própria existência é o ato mais revolucionário possível.

Mali Twist | Trailer Legendado [HD] – 2022 | Imovision

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