Onde ver: Cinema
8Nota da Hybrido
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8.5

“Meu Nome é Daniel” é um documentário onde o cineasta Daniel Gonçalves, que possui uma paralisia cerebral cuja origem é uma das buscas que ele submete ao filme, ao longo da exposição de sua trajetória de vida do nascimento até os dias atuais.

A cena inicial é curiosa, com Daniel tentando sair de carro da garagem e rumando para uma subida acidentada pela rampa, onde a fotografia estourada nos transmite a sensação de nascimento da história a ser contada, sobre como aquela pessoa virá ao mundo através das memórias audiovisuais e narração do próprio autor-protagonista.

Numa temática que poderia facilmente escorregar para um melodrama forçado, Daniel Gonçalves corta essa possibilidade nas primeiras cenas, levando com bom humor na narração e nas suas observações pontuais como ele e sua família afastaram o rótulo do discurso piedoso, de pena, sobre sua condição.

A questão da evolução de sua atividade de escalada bate bem com todo o processo de vida dele lidando com sua deficiência, com dificuldade porém sempre tentando alcançar novos desafios em busca de sua individualidade e aceitação perante a todos à sua volta.

A sua opção de abrir seu problema para novos patamares que seu lugar de fala não alcança também é feito com muito zelo, além de produzir uma das cenas mais belas do filme em sua caminhada na noite da Lapa.

“Meu Nome é Daniel” é uma obra de linguagem cinematográfica acolhedora nas suas abordagens típicas de sua geração, nas imagens de VHS, na trilha sonora ao longo dos registros, ou mesmo no enfoque do cuidado da sua mãe ao longo de sua vida, e tem potencial para ampliar futuros debates sobre a inserção de pessoas PNE no cotidiano, para além do discurso de piedade.