Vencedor do prêmio de melhor direção e indicado à Palma de Ouro do último Festival de Cannes, “O Jovem Ahmed” é a nova produção dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne em sua vasta e premiada filmografia nos últimos anos.
Aqui vemos a história de Ahmed (Idir Ben Addi), um adolescente muçulmano engajado numa leitura radical do Alcorão que reage às autoridades de sua mãe e principalmente de sua professora Inès (Myriem Akheddiou), a quem Ahmed planeja matar por avaliá-la como uma pecadora e inimiga de sua religião.
Os irmãos Dardenne recapitulam sua linguagem cinematográfica calcada no realismo e acompanhando um adolescente que rompe as regras dentro de um contexto ideológico importante no mundo contemporâneo, que são as práticas radicais de alas muçulmanas na Europa.
Com um protagonista juvenil, a narrativa condenatória é quebrada na segunda parte do filme, onde conceitos radicais introjetados em Ahmed entram em tentativas de desconstrução por parte do Estado e através de diferentes níveis de afetos, com distintos resultados.
A conclusão do filme porém não corresponde à ousadia da premissa e do desenvolvimento do filme, e por mais que haja um grande trabalho de direção principalmente junto ao seu jovem protagonista, o filme entra num estágio irreversível de incoerência com que havia sido apresentado até ali, destoando do eixo narrativo de sua mensagem central até ali desenvolvida.