Vencedor do prêmio de melhor roteiro no último Festival de Cannes, o filme “Retrato de uma Jovem em Chamas” é o novo trabalho da diretora Céline Sciamma, a mesma de outros bons filmes franceses como “Tomboy” (2011) e “Garotas” (2014).
Aqui temos a história de pintora Marianne (Noémie Merlant), que chega a uma ilha distante para fazer um retrato da jovem Héloise (Adèle Haenel), filha mais nova da Condessa (Valeria Golino) que foi prometida em casamento em substituição à sua irmã mais velha, que se suicidou.
Porém, Héloise se recusou a posar para outro pintor, o que faz a Condessa pedir que Marianne pinte seu retrato em segredo, observando Héloise durante o dia, e pintando em segredo à noite. Com o tempo, a companhia de Marianne fica a cada dia mais importante para Héloise, e o segredo segue entre elas.
Sciamma usa muito bem todo o filme para nos municiar para cada conflito a ser superado ao longo do filme, numa linguagem cinematográfica excepcional que faz cada detalhe ter um peso muito importante para o filme como um todo.
Ao mesmo tempo em que usa os espaços amplos e grandiosos, Sciamma constrói um intimismo crescente a cada ato, a ponto de em determinado nada mais saltar aos olhos a não ser as duas personagens centrais, Marianne e Héloise, vivendo naquele ambiente isolado.
As atrizes Noémie Merlant e Adèle Haenel entregam interpretações majestosas que só valorizam ainda mais a história narrada, onde os olhares silenciosos falam ainda mais que os ótimos diálogos escritos por Sciamma em diversas oportunidades e contextos diferentes, conferindo emoção permanente ao longo do filme.
A beleza da história também é realçada pela sublime fotografia e a delicada montagem que não suprime nada e nos deixa fluindo dentro da ótima linha narrativa da história entre aquelas duas mulheres, além das pontuais inserções de trilha sonora que nos entregam duas cenas apoteóticas que com certeza figuram entre as melhores do ano, assim como o filme certamente marcará gerações dentro de sua proposta e eixo narrativo.