Cadu MouraVencedor do Urso de Prata do último Festival de Berlim e representante da Alemanha em busca do Oscar de melhor filme internacional em 2020, “System Crasher” é dirigido pela estreante Nora Fingscheidt e teve boas impressões do público na última Mostra de São Paulo.
A história gira em torno de Benni (Helena Zengel), uma menina de 9 anos que não consegue se estabilizar em nenhuma casa de proteção á criança devido aos seus surtos de raiva devido á sua carência afetiva promovida pela ausência de sua mãe (Lisa Hagmeister).
Após várias tentativas, um intermediador escolar (Albrecht Schuch) resolve tentar uma forma alternativa de abordagem com a problemática menina, para uma última tentativa de integrá-la a algum espaço familiar.
Fingscheidt usa muito bem a montagem e a fotografia para expressar visualmente os momentos de surto da menina, e a câmera na mão nas suas fugas de espaços que ela torna hostis junto com a trilha sonora de acordes crescentes de teclado e bateria integram bem esse processo psicológico tumultuado de Benni.
A atriz mirim Helena Zengel nos traz uma interpretação absurda em termos de estados variáveis de humor de sua protagonista, além de boa participação em diálogos adultos para demonstrar a inteligência da menina, sendo um dos melhores trabalhos do ano.
“System Crasher” é um filme que cresce muito no boca a boca de espectadores pela humanidade de seu eixo central narrativo, pelo carisma da menina e do bom elenco que a cerca ao longo do filme, e pelo bom ritmo que a diretora emprega do primeiro ao último minuto, nos fazendo oscilar da tensão à emoção assim como funciona sua personagem central.