Representante da Rússia para o Oscar 2020 e vencedor do prêmio FIPRESCI da mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes, “Uma Mulher Alta” é dirigido por Kantemir Balagov, o mesmo realizador de “Tesnota” (2017), que se inspirou levemente no livro ganhador do prêmio Nobel, “War Does Not Have a Woman Face”, de Svetlana Alexievich.
O filme conta a história de Iya (Viktoria Miroshnichenko), uma jovem enfermeira muito alta que regressou da guerra após sofrer um traumatismo cerebral, e atualmente cuida do filho pequeno de sua amiga Masha (Vasilisa Perelygina), que seguiu combatendo na Segunda Guerra Mundial. Após uma tragédia envolvendo Iya e o retorno de Masha, ambas buscam a sobrevivência em meio ao que restou de Leningrado após a Segunda Guerra, numa busca por esperança e recomeços por parte de ambas.
Balagov expõe um retrato cru e duro do pós-guerra soviético na figura de suas duas principais personagens, numa abordagem nova do aspecto feminino perante a guerra, optando por um ritmo mais lento que, dentro da linguagem cinematográfica proposta, traduz bem a dificuldade social vivida por Iya e Masha, sob diferentes olhares.
A fotografia do filme é belíssima, usando muito bem as cores a favor das desilusões e esperanças na vida de cada uma das personagens, e as atrizes Viktoria Miroshnichenko como a protagonista e Vasilisa Perelygina como sua co-protagonista se destacam com grandes atuações em falas, olhares e atitudes corporais, sendo duas coronárias que acrescentam muito ao melodrama duro que Balagov impõe.