FESTIVAL DO RIO 2019
9Nota da Hybrido
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Vencedor do Leão de Ouro de melhor filme e também do prêmio de melhor atriz do último Festival de Locarno, o longa “Vitalina Varela” é mais uma obra de relevo dramático do grande diretor português Pedro Costa, o mesmo de “Cavalo Dinheiro” (2014).

Aqui ele conta a história de Vitarina Varela, uma viúva cabo-verdiana que chega três dias atrasada ao velório de seu marido, que nunca lhe deu notícias e satisfações desde que deixou Cabo Verde para ir trabalhar em Portugal.

Pedro Costa transmite a potência e a intensidade de uma relação sentimental mal resolvida, sem conclusões, num ritmo perene de luto e observação por parte de sua protagonista, que também assina o roteiro com o diretor e interpreta a si própria no filme.

A simples reconstituição de algo tão dolorido por uma mulher sofrida e rejeitada, mas ao mesmo tempo consciente de seu papel instituído ao buscar uma missa para deixar seus sentimentos dentro de sua fé e na sua convicção de continuar seu caminho de onde seu falecido parou (e fracassou).

A fotografia fechada e sem muita luz, mas que consegue contornar o rosto negro e sofrido de Vitalina na maior parte do longa, é um triunfo poderoso na linguagem cinematográfica que Pedro Costa impõe ao filme, e só qualifica os poucos momentos de iluminação que representam muito mais que nossos olhos vêem na tela.