Onde ver: Netflix
8.2Média da Hybrido
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10.0

Orange Is The New Black chegou às nossas telas em 2013 com a proposta de retratar uma faceta do universo feminino que não estávamos acostumadas a ver. Baseada no livro homônimo de Piper Kerman, a série sensação não tinha nada de Sexy and the City. O fio condutor da história é a vida de Piper Chapman (Taylor Schilling) na prisão. A jovem branca moradora do Brooklin, típica representante da classe média americana, é presa depois de se envolver – através da namorada Alex (Laura Prepon) – com uma complexa rede internacional de tráfico de drogas.

O previsível choque de realidade de Piper é apenas uma das tramas, uma das mais leves, que vemos logo na primeira temporada. Somos apresentados a um grupo de mulheres, das mais diversificadas origens e com histórias bem peculiares, unidas pelo mesmo destino na unidade de segurança mínima recheada do mais puro suco carcerário: todo o tipo de agentes penitenciários, gangues, viciadas, drogas, overdoses, tráfico de influência, superlotação, religião, fanáticos religiosos, sexo, transexualidade e doenças mentais. Toma forma um drama com doses bem medidas de comédia para contar a história de cada uma delas, mostrando que algumas personas no presídio podem ser bem diferentes de quem elas eram em sua vida fora de lá.

Apesar do show de interpretação de Uzo Aduba (Suzanne ‘Crazy Eyes’ Warren) e dos elogios rasgados da crítica especializada, a série demorou um pouco para ganhar corpo depois de apenas aguçar a curiosidade do espectador na primeira temporada. As três temporadas seguintes finalmente entregaram tramas à altura da qualidade do elenco. Com o passar do tempo, o protagonismo branco derivado da trama de Piper Chapman cedeu espaço para um melhor desenvolvimento dos núcleos afro-americanos e latinos. Os antagonismos foram devidamente explorados e temas sociais passaram a ser largamente discutidos. Questões alheias ao comportamento das detentas em si, como os problemas internos e externos enfrentados pela administração do presídio também ganharam destaque e culminam num emocionante e tenso final para a quarta temporada (a melhor de todas).

Até então temos arcos complexos porém muito bem resolvidos. Talvez devido à participação direta de Piper Kerman nos roteiros destas temporadas. A quinta temporada, apesar do gancho dramático sensacional do fim da temporada anterior, não consegue manter a consistência do texto – o enredo proposto de 72h compromete a fluidez das 13h de episódios – e a série cai na velha armadilha de não corresponder às expectativas que ela mesma gerou. Apesar da aparente falha deste artifício narrativo – que provocou um descompasso no exagero da comédia e no subaproveitamento de tramas – a série se manteve em conexão com o espectador talvez por se mostrar ainda mais crítica à forma como o “sistema” respondeu a eventos reais (“black lives matter”), por conseguir retomar o foco dramático a tempo do fim da temporada e, definitivamente, por conta do elenco.

Liberada no ano passado, a sexta temporada tenta se reconectar às suas origens e de certa forma até o consegue. Diferente da anterior, a série retoma o entra e sai de personagens, provocando novas interações e, consequentemente, novos arcos dramáticos. Agora em uma prisão de segurança máxima, entra em cena o abuso de autoridade, a violência gratuita e a guerra por território dentro do presídio. Com mais acertos do que erros, a temporada fluiu muito melhor, trouxe novos flashbacks tocantes e importantes e indicou que a saga desse microcosmo estaria perto de chegar ao fim.

A sétima e última temporada será liberada pela Netflix no dia 26 de julho com bons arcos a espera de conclusão. O que começou com uma jovem protagonista rica e branca, se transformou num impressionante drama coletivo onde a representatividade ditou as prioridades narrativas. O mérito todo é, sem dúvida alguma, do elenco irretocável que alavancou cada personagem e impôs a todo espectador a dúvida sobre quem seria de primeiro, segundo, terceiro escalão ou participação especial. Vale muito a maratona. A série não colecionou 134 indicações e 43 prêmios diversos à toa.

Notas:

1a Temporada: 8
➤ Melhor episódio: Can’t Fix Crazy
2a Temporada: 9
➤ Melhor episódio: We Have Manners. We’re Polite
3a Temporada: 8,5
➤ Melhor episódio: Trust No Bitch
4a Temporada: 9,5
➤ Melhor episódio da série: Toast Can’t Never Be Bread Again
5a Temporada: 6
➤ Melhor episódio: Storm-y Weather
6a Temporada: 8
➤ Melhor episódio: Well This Took a Dark Turn