Um dos concorrentes à Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2018, “Verão” é um filme russo que se encaixa perfeitamente no gênero que marcou outros filmes que retrataram um período musical, como o norte-americano “Quase Famosos” (2000), de Cameron Crowe, ou o britânico “A Festa Nunca Termina (2002), de Michael Winterbottom.
O filme nos traz o retrato da chegada do rock underground à cena de Leningrado, na antiga União Soviética, marcando o nascimento de diversos artistas independentes do rock, despontando internacionalmente o jovem Viktor Tsoi, o primeiro representante internacional do gênero na região, e ficando marcada também sua relação polêmica com seu mentor Mike e a esposa deste.
O cineasta Kirill Serebrennikov entrega um filme que nos coloca dentro desse universo, optando por uma fotografia em preto e branco que ilustra o período de censura no fim do regime soviético sobre as manifestações artísticas, e usa passagens oníricas e com breves introduções de cores ao melhor estilo que o filme “Across the Universe” (2007), de Julie Taymor, fazia nas passagens musicais, seguidos de quebras da terceira parede para anunciar que aquele momento nunca aconteceu através de um observador onisciente, num didatismo dispensável mas aceitável.
A trilha sonora, seja nos clássicos nas viradas dos atos, seja nas canções do rock russo da época retratada, é presente e nos conduz à interessante relação do triângulo amoroso que protagoniza a história, num roteiro que constrói bem uma história em meio ao vulto de acontecimentos que permeiam aquele contexto histórico do rock soviético.
Como plus, colocamos a trilha sonora do filme, que vale a pena ser prestigiada tanto pelo exotismo como pela qualidade, não devendo nada a grandes bandas da mesma época.