O CRIME É MEU, de François Ozon
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François Ozon é o tipo de cineasta cujo nome se basta para justificar sua ida ao cinema. Extremamente produtivo e inspirador, suas histórias são sempre gratas e refrescantes experiências cinematográficas.

O diretor retorna aos cinemas com “O crime é Meu”, filme inspirado na farsa teatral escrita por Georges Berr e Louis Verneuil. A história se passa nos anos 30 e foca em Pauline (Rebecca Marder – de “A Garota Radiante”) e Madeleine (Nadia Tereszkiewicz), melhores amigas que dividem um apartamento e que estão completamente falidas. Madaleine é uma aspirante atriz que consegue um encontro com Montferrand (Jean-Christophe Bouvet), um famoso produtor francês. Ela acredita ser sua grande chance de entrar para o mundo do cinema, mas logo se frustra ao sofrer uma tentativa de assédio por parte do produtor. A atriz consegue fugir, mas no dia seguinte ao fatídico encontro, o produtor é encontrado assassinado em sua casa e Madeleine se torna suspeita. Pauline, que é advogada recém-formada, defende a amiga. Ao perceberem o destaque do caso, as amigas enxergam a acusação do crime como oportunidade para a fama e dinheiro. Desta forma, Madeleine confessa, é absolvida por legítima defesa e alçada ao status de mártir da luta pelos direitos femininos.

O tema do feminino versus o masculino via assassinato e absurdos já foi previamente trabalhado pelo diretor no filme “8 Mulheres” (2002). Ele repete a parceria com a atriz Isabelle Huppert e agora parece avançar no que iniciou em 2002, se permitindo brincar com estilos cinematográficos, exaltando uma Mise en Scène noir revestida do glamour do cinema clássico.

Elementos todos somados ao ritmo ditado pela farsa. A caricaturização, o humor, exagero, dentre outros, são empregados sabiamente pelo diretor para subverter, de forma ácida e provocativa, a opressão feminina pelo regime patriarcado e de quebra ainda criticar a imprensa como veículo de manipulação de massa.

Através da inversão de valores morais e sociais, François Ozon critica de forma cirúrgica o comportamento e liberalidades decorrentes do machismo encrostado em nossa sociedade.

Seria extremamente cômico, se não fosse trágico. Essa é a linha adotada pelo diretor em suas proposições absurdas e temerosamente concretas.

O trági-cômico é trabalhado de forma precisa através da escolha acertada de um elenco que mescla o talento afiado e experiente da nata do cinema francês com o talento em erupção dos nomes de destaque do novo cinema.

Um filme que faz jus ao histórico grandioso do diretor francês.

 

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Assista ao trailer oficial de “O Crime é Meu”, um filme de François Ozon. 06 de julho nos cinemas. Paris, 1930. Madeleine, uma atriz jovem, pobre e sem talento é acusada de assassinar um famoso produtor. Sua melhor amiga, Pauline, uma advogada desempregada, a defende e ela é absolvida por legítima defesa.