Geralmente os filmes de gênero policial seguem uma rota padrão muito derivada de famosos romances policiais ou folhetins, que no cinema, principalmente em Hollywood, abriram um leque de simbiose com quase todos os demais gêneros do cinema.
“Polícia, Adjetivo” em sua sinopse traz a história de Cristi, um policial jovem, casado, que investiga jovens estudantes em busca de evidência de que estes ou algum destes trafiquem drogas. Essa é a expectativa de sua chefia, da promotoria, menos a dele. Cristi não vê elementos ainda para submeter qualquer um deles a uma prisão substancial, apenas por consumo – o que Cris avalia ser uma lei ultrapassada, e por isso se esquiva de efetivar este flagrante.
Porém, o diretor romeno Corneliu Porumboiu usa essa premissa para descrever o dia a dia policial na Romênia pós-comunismo, e como o realismo desconstrói o gênero policial no cinema, expondo diretamente essa questão no próprio título do filme, que se explica na cena final.
Toda a fotografia e direção são voltadas para um estilo mais realista, que lembra mais a linguagem de documentário do que de ficção, usando e abusando de câmeras estáticas, e o uso quase nulo de trilha sonora (o que constrói incômodo sinérgico entre o espectador e o protagonista quando este numa noite chega em casa, e a esposa ouve uma canção em alto volume na sala repetidas vezes enquanto ele janta sozinho).
Toda a cena final no gabinete do comandante de polícia é daquelas que marcam pela forma inusitada que é destrinchado o cerne central do filme, que é o embate da moralidade versus a legalidade, e a linha tênue que leva qualquer um dos lados para o abuso de autoridade, se o indivíduo não estiver totalmente ciente de seus deveres enquanto agente de Estado ou até mesmo cidadão, o que determina a profundidade que o filme acaba alcançando de maneira bem simples e crua.