Fred Rogers foi um dos maiores ícones da televisão norte-americana com o programa “Mr. Rogers´Neighborhood”, voltado ao público infantil, a ponto de ganhar uma matéria do seu perfil na revista Esquire – e baseado neste material, o filme “Um Lindo Dia na Vizinhança” foi lançado.
A história é focada na perspectiva do jornalista investigativo Lloyd Vogel (Matthew Rhys), a quem é designada a tarefa de entrevistar Mr. Rogers (Tom Hanks), e destas entrevistas Lloyd acaba enxergando um pouco mais do homem por trás do mito televisivo, assim como passa a encarar fantasmas de seu próprio passado com seu pai Jerry (Chris Cooper).
A diretora Marielle Heller foi muito feliz ao estruturar a história toda nos moldes de um programa do Mr. Rogers, como se analisasse a vida do protagonista a fundo, aos moldes de como era feito nos programas de TV.
Mas ao mesmo tempo que a história explora todas as nuances onde os programas de TV acertavam na busca de confrontar temas sensíveis e problemáticos, ela escorrega na forma que foca nas questões do passado da família do protagonista, sem tantos detalhes de acordo com o peso dramático que é colocado nessas questões na vida do protagonista.
Tom Hanks mostra todo o seu talento ao mimetizar com mínimos detalhes de fala e gestos essa figura tão amada nos Estados Unidos, e o restante do elenco é bem correta na abordagem dos seus personagens, empregando credibilidade à história contada.
Com algumas grandes cenas dramáticas onde a mão da diretora é nítida nas boas conduções (em especial uma numa das entrevistas num restaurante), “Um Lindo Dia na Vizinhança” é um bom filme que, mesmo em sua irregularidade, transporta a compaixão dos programas de Mr. Rogers para o eixo central de sua história.