Com duas indicações ao Globo de Ouro e quatro indicações ao SAG Awards, “O Escândalo” surge como uma das possibilidades de boa presença entre os indicados ao próximo Oscar, ao abordar um tema polêmico e recente envolvendo o assédio sexual em ambientes de trabalho.
Aqui contam a história de três jornalistas da Fox News em diferentes estágios da carreira, Megyn (Charlize Theron), Kayla (Margot Robbie) e Gretchen (Nicole Kidman), que foram assediadas no ambiente de trabalho pelo CEO Roger Ailes (John Lithgow), e que a partir da demissão de Gretchen cria-se uma onda de denúncias que mudou a realidade de trabalho no canal.
O diretor Jay Roach adota com moderação uma estética de filme que Adam McKay popularizou em seus filmes, e que favorece a linha narrativa de uma história sobre assédios a mulheres em ambientes de trabalho, onde o silêncio é a tradição e favorece os closes e a captação de reações silenciosas na medida que a história avança.
O roteiro é frágil e um tanto expositivo, mesmo que de forma justificada na cena inicial de descrição do espaço do prédio da Fox, essencial como índice nos diálogos que estariam por vir, que ganham muita força pela potência de seu elenco.
Charlize Theron domina o filme dramaticamente em oposição a John Lithgow, ambos excelentes, e Margot Robbie também está à vontade no papel de sua ingênua pérsonagem, protagonizando as duas cenas mais fortes do filme.
A se lamentar apenas a menor profundidade dos problemas enfrentados pela personagem de Nicole Kidman, que acabam se resumindo brevemente à sua família durante o processo que move contra seu poderoso ex-chefe.
A montagem é qualificada dando o ritmo necessário a um filme que se passa num ambiente jornalístico, “O Escândalo” é um filme movido pelo trabalho de atores, e mesmo não sendo uma produção equilibrada consegue passar sua mensagem de maneira eficaz.