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9Nota da Hybrido
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9.4

Pela sua proposta estética de simular uma filmagem de guerra em plano sequência único, o filme “1917” merece toda a curiosidade do público, impulsionada por vitórias importantes nessa reta final da temporada de premiações em Hollywood. Mas há mais a se dissecar neste novo bom filme do cineasta Sam Mendes, o mesmo de “Beleza Americana” (1999) e “007 – Operação Skyfall” (2012).

A história em que dois jovens soldados ingleses, Blake (Dean-Charles Chapman) e Schofield (George MacKay) são incumbidos de avisar um batalhão, que o irmão de Blake faz parte e está próximo das linhas inimigas alemãs, a abortar o ataque previsto para o amanhecer do dia seguinte.

A premissa simples do filme é composta por um roteiro de bons diálogos ao longo da jornada dos dois jovens em sua missão perigosa, e explora uma linguagem cinematográfica moderna e ainda não-convencional no cinema, onde integra a perspectiva do espectador para dentro das situações vividas no percurso pelos soldados.

As similaridades de estrutura narrativa do filme se comparadas a bons títulos de jogos modernos de tiro, como “Battlefield” e “Counter Strike”, soa proposital e é inclusive dividida como estes games fazem, com checkpoints bem definidos ao longo do filme, com o óbvio incremento de valores dramáticos ainda não reproduzidos por personagens virtuais.

Aí entra o bom trabalho dos dois protagonistas, principalmente MacKay (que já vem de bons trabalhos anteriores, porém menores, como em “Capitão Fantástico” (2016)) e consegue imprimir uma dose boa de drama através de suas expressões faciais e corporais que humanizam o processo da missão que lhe é endereçada.

O filme porém encontra seu brilhantismo na sua perfeição estética e técnica, puxadas pela direção perfeccionista de Sam Mendes, qualificada pelo trabalho de fotografia desafiador e magnífico de Roger Deakins e do excelente trabalho de ambientação do filme, cercado pelo impressionante design de produção, além de maquiagem dos cadáveres encontrados pelo caminho e do ótimo som, elemento fundamental para nos mergulhar naquele ambiente de terror (mesmo disputando com a incidência dramática que a trilha sonora tenta impor desnecessariamente às cenas mais intensas).

“1917” talvez seja encarado hoje como um filme de excelência técnica sem muitos predicados de drama, mas com certeza seu sucesso de bilheteria e premiações relevantes pode alçá-lo como uma espécie de pedra fundamental de um novo estilo de linguagem cinematográfica que busque engajar novas gerações às histórias contadas nas salas de cinema, o que mesmo com a resistência dos mais tradicionalistas pode ser encarado como um novo passo da história do cinema.