A fábula de João e Maria contada sob o prisma do diretor Oz Perkins (o mesmo de “O Último Capítulo” (2016) e “A Enviada do Mal” (2015) , ambos disponíveis na Netflix), nos traz uma nova abordagem sobre a história dos irmãos Gretel (Sophia Lillis) e Hansel (Samuel Leakey).
Expulsos de casa pela mãe faminta, eles adentram a floresta em busca de um lar e comida, e acabam se deparando com a casa de Holda (Alice Krige), uma sinistra senhora que possui sempre fartura na mesa e se oferece para acolhê-los em sua casa, em troca de serviços.
Perkins, que também escreve o roteiro do filme com Rob Hayes, se apóia num foco maior na figura de Gretel/Maria circundado por histórias de terror e bruxaria que são utilizadas, de forma sutil, enquanto metáfora sobre emancipação da mulher dos deveres impostos pela sociedade.
Nesse sentido, o filme funciona razoavelmente como terror psicológico, mesmo sem se aprofundar tanto nas boas questões levantadas com essa proposta metafórica envolvendo o feminismo, mas se enfraquece justamente no ato final, onde os maiores conflitos explodem no caminho da protagonista sem uma solução eficaz ao que a premissa apontava.
Vale destacar a fotografia e o design de produção que conseguem remontar um universo desolador e sombrio, calcado de crueza que dilui um pouco as questões fantásticas que envolvem um conto de bruxas, que talvez seja o que faz deste filme um projeto curioso e bem autoral, mas que talvez só agrade os fãs da filmografia de Perkins ou da estética em detrimento ao conteúdo.