MarcelloBruce Springsteen assim como Bob Dylan e Neil Young, estão em um outro universo da música. “Letter To You”, novo álbum do chefe Bruce, chegou assim, lindão mesmo. E não poderíamos esperar nada menos que isso do velho Springsteen.
Sua música sempre vai ser o som de alguém que sabe o lugar onde deve colocar sua alma e coração. E mesmo apontando a luz e as trevas, a direção sempre vai ser o dia seguinte. Um artista que já transitou por variados mundos criativos, selecionando um pouco de cada um deles as ferramentas necessárias para compor o seu próprio universo. “Não tenho nada, portanto, também não tenho nada a perder. Se funcionar, só tenho a ganhar. Se, não, ainda vou ter o que tinha ao entrar aqui. Sou um ser livre. Abro o meu próprio caminho por entre o mundo sem deixar de ser quem sou, e serei a mesma pessoa quando for embora, seja qual for o resultado”. (Trecho do livro Born To Run). A sabedoria de um músico que viu o lado obscuro da vida, seja na sarjeta revirando latas de lixos para comer, ou nas dores profundas da alma ocasionadas pela depressão. Um longo caminho até o Hall da Fama do Rock And Roll.
O álbum abre com a linda e calma “One Minute You’re Here” uma canção que pode muito bem te fazer lembrar do disco “Nebraska” (1982). Letter To You pode ser muito bem o reflexo de todas as referências e álbuns que Bruce compôs no decorrer dos anos. E se consagra na casa do vigésimo álbum de estúdio e marca a volta da E Street Band. Algo que não acontecia desde álbum “High Hopes” (2014). Um álbum marcante e de reencontros que afloram a paixão pela música.
Canções que funcionam como uma carta para, amigos amores, filhos e todas as dificuldades que se espalham pelo caminho dessa jornada chamada vida. É o que o velho Bruce canta em “Letter To You”, canção que dá título ao álbum. “Na minha carta para você/ Levei todos meus medos e duvidas”. Um álbum que não apresenta grandes novidades. É velho e ótimo estilo Boss de compor e tocar. Na verdade Letter To You é um apanhado do que a de melhor na trajetória desse grandioso artista.
E esse estranho ano de 2020, não poderia terminar assim, sem um álbum dele, rsrs. “Ghost” é eletrizante e entraria perfeitamente no álbum ‘Wrecking Ball’ (2012). O disco encerra com linda “I’II See You My Dreams”, que carrega em sua áurea uma atmosfera do disco ‘Magic’ (2007). Enfim um lindo e nostálgico álbum. Eu só posso desejar vida longa e paz a quem tanto nos deu e continua dando alegria e inspiração, em tempos tão sombrios como estes. Existem poucas pessoas assim no mundo. E se envelhecer for compor discos como “Western Stars” e “Letter To You? ” Meu amigo deve ser aterrador e fascinante ao mesmo tempo. A transmutação da arte e talento que surge assim de forma iluminada.