Juna, é o projeto do músico Thomas Almeida, lá de Porto Alegre. A banda lançou seu álbum homônimo Postmodern Tendencies, em dezembro do ano passado. O disco flerta com camadas do shoegaze e Dream Pop nova-iorquino, marcado por uma atmosfera introspectiva melancolia.
De acordo com Thomas Almeida, o processo de composição começou em meados de 2019. O álbum foi gravado em um quarto e uma garagem nos embalos da primavera de 2020.
Em um contexto geral o álbum me agradou muito. As melodias, arranjos e acordes de guitarras, criam uma imersão nostálgica que remetem muito a DIIV, Beach Fossils. Algo que contextualiza que Thomas Almeida, trilha por um caminho distante das características convencionais do shoegaze, sem perder a essência de sua origem oriunda de bandas como My Blood Valentine, Slowdive e Cocteau Twins ou, será o Cure de Porto Alegre? As influências são das melhores.
Postmodern Tendencies exprime muito bem esse cenário caótico que estamos vivenciando. Com letras na primeira pessoa, o álbum contextualiza aspectos e tendências que surgiram com isolamento social, medos, incertezas e fragilidades, que podem surgir na forma de vícios. Aquela sensação forjada de perseguição e desespero causada por dias insólitos.
São nove canções e um pouco mais de quarenta minutos. Um álbum rápido e ligeiro, com um conteúdo potente e grandioso. Desperta aquele sinal de alerta sobre uma cena ou movimento que nasce da vontade de dizer e dar voz para além das paredes de um quarto ou garagem.
“Everything They Said About Us” faixa que abre o disco possui uma atmosfera visceral e psicodélica, riffs de guitarras marcantes e um vocal soturno e autentico. Já dá uma boa ideia sobre a narrativa da obra. “No Sugar” é outra faixa que exprime bem essa junção do shoegaze com Dream Pop, é impossível ouvir essa faixa e não lembrar de Cocteau Twins, seja pela entonação vocálica ou pela atmosfera espacial que ela cria.
O álbum também contou com a participação da cantora e compositora Maria Luísa Casara, que compôs e cantou a faixa “Summer Is Coming” uma das canções mais soturnas que descreve bem os sentimentos desses dias gélidos e tempestuosos.
Postmodern Tendencies consegue pisar com os dois pés firmes no shoegaze e Dream Pop. Um som autentico e sincero que abre um diálogo com o ouvinte sobre as experiências vividas pelo seu autor.