Marcello
First Cow é um drama estadunidense de 2020, dirigido pela Kelly Reichardt do excelente ‘O Atalho’ de 2010. O longa é baseado no livro de Jonathan Raymonds “The Half Life”.
A narrativa é ambientada em 1920, em territórios do Estado do Oregon. O cozinheiro Cookie (John Magaro) é contratado por um grupo de homens para fornecer seus serviços gastronômicos, durante uma expedição de caça de peles. No decorrer dessa jornada ele vai conhecer King-lu (Orion Lee), e os dois vão formar um elo de amizade muito bonito, pautado na lealdade, confiança e no desejo de mudar de vida. Cookie é um sujeito super carismático, ama os animais e possui um ótimo coração. Já King-Lu é mais ambicioso, destemido. E quando uma vaca leiteira de um rico fazendeiro chega nas redondezas, os dois vão bolar um plano inusitado e um tanto arriscado para tentar mudar de vida.
Um longa simplista que visualmente se torna grandioso. Seja pelo roteiro, proposta ou diálogos entre os personagens que são ricos em detalhes. Faz você pensar em inúmeros desfecho que aquela história pode levar. Com uma bela fotografia e longas passagens de câmera o filme te faz mergulhar nesse universo dos dois amigos e você passa a torcer para que tudo dê certo nessa empreitada incerta.
Não é daqueles filmes que entregam tudo certinho começo, meio e fim no padrão convencional. Quem já conhece a diretora sabe do que estou falando. Não é uma obra convencional. Mas é muito rica e cativante. Uma obra minimalista que foca nos pequenos detalhes e se você souber se envolver na trama ou tiver paciência com desenrolar lento. Você pode sim ter uma experiência maravilhosa e um tanto sedutora.
Me deu até vontade de ler o livro do Jonathan Raymonds. Dê tão comovente e bonito foi minha experiência com o longa. Um filme enternecedor que agracia os olhos do telespectador com tamanha magia contida, seja pela bela fotografia ou pela química que envolve os dois protagonistas. First Cow é daqueles filmes que consegue passar com primor sua mensagem sem ser convencional. Um drama de sobrevivência honesto, verdadeiro e de puro sentimento. Onde o silêncio e imagem consegue traduzir de forma bela o significado de companheirismo e, por horas pode transparecer algo mais profundo ao debater as injustiças de um mundo capitalista.