Avaliação Hybrido
10Nota do Autor
Votação do leitor 3 Votos
9.4

(COM SPOILER)

“Tudo Ao Mesmo Tempo Em Todo Lugar”, em pré-estréia nesta semana nos cinemas, se justifica enquanto cinema de entretenimento ao tratar de coisas sérias e atuais através da fantasia. Nenhuma fórmula nova, considerando a história do cinema de Hollywood, mas filmes como esse e “Top Gun Maverick” surgem em momento oportuno enquanto oposição à continuada estratégia de novelização do cinema de entretenimento através das franquias adquiridas pela Disney.

Assim como a Disney aposta no multiconteúdo para abraçar novas gerações, é importanta a contraposição de “Tudo Ao Mesmo Tempo Em Todo Lugar” a esta nova cultura através da trama onde Evelyn (Michelle Yeoh) é colocada em meio a uma batalha de multiversos por uma versão de seu marido Waymond (Ke Huy Quan, conhecido pela maioria na sua fase juvenil em “Indiana Jones e o Templo da Perdição” e “Os Goonies”) para salvar o mundo.

Quem lê a sinopse não vê realmente o conteúdo. Os diretores Daniel Kwan e Daniel Scheinert (“The Daniels”) apostam no multiverso como uma metáfora exatamente contra a forma de multiconsumo de mídias algortimadas, que exigem das pessoas a todo momento, seja no trabalho ou no lazer. Para enfrentar a ameaça a seu mundo, Evelyn precisa se conectar à realidade que sua filha vive de viver todos os multiversos ao mesmo tempo, e o risco que traz a existência de todo o universo ao praticar essa cultura.

Além de emocionar através da batalha pela conexão entre uma família desconectada, o filme também diverte muito mesmo com orçamento baixo pro padrão dos filmes de gênero. As cenas de batalha são muito bem feitas e totalmente sinérgicas com a encenação caótica que Kwan e Scheinert impõem do início ao fim, se assemelhando muito aos cartoons de gato e rato espalhados por aí.

Mesmo em meio a muitas lutas, efeitos especiais e emoção, o filme não é preguiçoso na profundidade dramática dada aos seus personagens, seja a ótima protagonista vivida por Yeoh, seja a coadjuvante vivida por Jamie Lee Curtis, mostrando como a produção é cuidadosa com o produto mesmo que endereçado a grandes públicos – o que certamente é um resgate a um cinemão que entretém e também envolve o espectador na verdadeira experiência nas salas, e não apenas bater ponto para saber o insosso novo filme que o seu boneco preferido da Disney, segundo seu algoritmo, faz parte.