Avaliação Hybrido
9.5Nota do Autor
Votação do leitor 2 Votos
9.5

Se em “Girl” (2018) o cineasta belga Lukas Dhont nos trouxe as agruras de uma bailarina trans à beira de uma cirurgia de troca de gênero, e todo o impacto psicológico envolvido, em “Close” (vencedor do Grande Prẽmio do Júri no último Festival de Cannes) ele volta ao tema das questões psicológicas envolvendo assumir seu papel no mundo perante a uma sociedade castradora já na fase da infância, e os efeitos dessa sociedade nos caminhos destas pessoas.

Porém em “Close”, diferente de “Girl”, Dhont adota uma narrativa de oposição, trazendo uma genuína e bonita relação de amor entre dois amigos, Léo e Rémi que é transfigurada ao longo de um ano (demonstrada através da temporada de plantio das flores, negócio da família de Léo) após o início da temporada escolar, onde Léo busca se encaixar na visão da maioria, enquanto Rémi fica à margem, gerando rupturas nessa relação.

A câmera de Dhont nos traz tanto o afeto e o distanciamento através de proximidade e distanciamento do plano à medida que ambos os personagens vão aos poucos se afastando. Ao longo narrativa, vamos seguindo o protagonista Léo aos moldes do cinema realista dos irmãos Dardenne, o mergulhando num drama seco e triste de confrontamento das consequências de sua opção de se enturmar com a maioria em detrimento da relação genuína que tinha com Rémi.

O filme poderia em diversos momentos escorregar para a novelização do luto no terço final, mas segura bem as pontas dramáticas calcada tanto numa direção sem concessões para o dramalhão, como na excelente interpretação de Eden Dambrine como Léo, seja nos bons momentos ou nos maus, sempre trazendo apenas no olhar e na abordagem física tudo o que aquele menino vai sentindo na sua jornada dramática no filme.