"O DEUS DO CINEMA", 2022 - DE YÔJI YAMADA
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No auge de seus 91 (noventa e um) anos de idade, o prolífico diretor Yôji Yamada apresenta na 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo seu novo filme “O Deus do cinema”, que homenageia a produção cinematográfica japonesa e o centenário do importante Estúdio de cinema japonês Shochiku – o primeiro a produzir um filme colorido no Japão e responsável por acolher renomados diretores como Yasujiro Ozu (“Era uma vez em Tóquio”, “Pai e filha”), Keisuke Kinoshita (“Narayama-Bushi Ko – A balada de Narayama), além da parceria com Akira Kurosawa (“Ran”, “Os sete samurais”).

A história acompanha Goh Maruyama (Kenji Sawada), um senhor de 78 anos, ex diretor de cinema que passa seus dias bebendo e fazendo apostas em corridas de cavalos. Endividado e cobrado incessantemente, ele recebe um ultimato de sua esposa e filha, que restringem seu acesso à bebida e dinheiro. Descontente, ele sai de casa e procura acolhimento no cinema de Terashin, seu amigo de longa data. Lá, eles assistem um antigo e famoso filme “Pétalas ao Vento, no qual Goh trabalhou como assistente de direção (inspirado na história do próprio diretor Yamada, que também trabalhou como assistente de direção em diversas produções). Através de flashbacks, Goh revisita uma época que foi determinante em sua vida.

Apesar de diversas referências, o diretor não se aprofunda historicamente na era de ouro do cinema Japonês, isso porque o filme embarca na narrativa melodramática do triângulo amoroso que se instaura durante as filmagens e como as escolhas de cada personagem foram determinantes para a posição em que se encontram atualmente. A narrativa pretérita é constantemente quebrada por inferências ao presente, demonstrando a conscientização das personagens acerca dos resultados dos caminhos escolhidos.

Entretanto, a jornada transformadora dos envolvidos se conclui pelo fazer cinematográfico e o amor ao cinema.

Essa é a força motora do filme – O CINEMA – já que o “Deus do cinema” não se traduz em alguém, mas sim, no poder transformador da sétima arte – tanto para realizadores quanto para consumidores. Não poderia ser diferente vindo de um homem que geriu sua vida a serviço da arte. Yôji Yamada participou de cerca de 92 (noventa e duas) produções e através de uma “releitura” de sua própria história, o diretor celebra e reafirma os papéis ativos e fundamentais do cinema e da arte como veículos imprescindíveis para mudanças de paradigmas e ideais sociais.

Filme assistido durante a 46ª. Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

 

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