CONTO DE FADAS (2022), de Aleksandr Sokurov
7.9Pontuação geral
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9.8

Pelo título,  “CONTO DE FADAS” poderia sugerir uma obra etéra, caso não se tratasse do mais recente filme do brilhante diretor Aleksandr Sokurov. Depois de anos sem quaisquer lançamentos, a expectativa pelo retorno de um dos maiores cineastas russos da atualidade desemboca na representação do purgatório, em que figuras fascistas históricas como Hitler e Stalin aguardam seus julgamentos. Junto com eles, temos ainda o dúbio Winston Churchill, e Jesus, a espera do chamado de seu pai.

O cineasta reforça seu olhar surrealista contextual ao desenvolver a história através de interessante e particular pesquisa estética, com a utilização de uma mistura de colagens, imagens de arquivo e o emprego de uma tecnologia chamada Deepfake – inteligência artificial que permite a manipulação de rostos em vídeos.

Neste caldeirão de experimentações estéticas, assuntos costumeiros à obra de Sokurov se repetem, como vida, morte (no caso também o seu “inteirim”), poder, estudo de figuras tirânicas e a investigação de realidades experimentais transcendentes à humanização.

Sokurov provoca a reflexão acerca dos elementos uníssonos à tirania e sua reverberação e presentificação contemporânea através de um olhar único, inteligente e improvável. Entretanto, apesar da refinada e extremamente fascinante proposta e pesquisa estética cinematográficas do diretor, em alguns momentos o filme se torna um pouco moroso, talvez por minha compreensão pessoal ocidental não tão profundamente vivenciada acerca do totalitarismo, o que me permite ser atingida pela provocação de Sokurov através do campo superficial da ironia crítica. Contudo, o cineasta oferece uma experiência sensorial imperdível que o mantém em seu posto de um dos mais inovadores, surpreendentes e brilhantes realizadores cinematográficos da atualidade.

 

“Fairytale” directed by Alexander Sokurov trailer

One of the major titles premiering at the Locarno Film Festival next month is the latest feature from Russian director Aleksandr Sokurov (Russian Ark, Mother and Son). Fairytale (aka Skazka) utilizes newly shot material and archival footage to share a “civil and artistic statement about those who determined the fate of the planet: Stalin, Churchill, Mussolini, Hitler, according to a Russian newspaper.