Nota da Hybrido
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Jia Zhang-ke é um dos bons cineastas em atividade que sabe explorar bem o tempo em seus filmes, muitas vezes neo-realista e contemplativo, com grande influência de cineastas como Ozu, Hsiao-Hsien e Antonioni, sendo por muitos considerado o grande expoente do cinema chinês nesta geração.

Em seu novo filme “Amor até as Cinzas”, Zhang-ke explora as mudanças da China entre 2001 e 2017, divididas em três atos, que exploram a relação entre Qiao (Zhao Tao) e Bin (Liao Fan) durante o tempo, com suas devidas consequências a cada virada de ato.

Zhang-ke explora o melodrama de sua protagonista, interpretada de forma brilhante pela atriz Zhao Tao com as mais detalhadas proporções a cada virada de ato, ilustrando o desgaste, a precipitação e as escolhas do casal em paralelo com as transformações da própria China ao longo do mesmo período, em elipses sutis e muito bem pontuadas pela linguagem cinematográfica de seu bom roteiro.

A fotografia belíssima é fundamental para captar essa sinergia entre personagens e o ambiente do filme, e muito interessante a utilização de signos e canções para ilustrar as passagens de tempo, o retrato da aura da protagonista frente a tudo que lhe acontece em certas canções e danças, e a força das raízes geográficas para seus personagens.