Cadu MouraA série “Boneca Russa”, lançada esse ano pela Netflix, com certo sucesso nichado até ser agraciada por 13 indicações ao Emmy Awards, o que deve atrair mais atenção a essa ótima série cômica com tons de ficção científica criada por Natasha Lyonne (que também atua como a protagonista), Amy Poehler e Leslye Headland.
Na história, Nadia (Natasha Lyonne) acaba sendo atropelada por um carro no dia em que completa 36 anos, mas após o acidente ela volta ao banheiro da casa de uma amigo onde acontece a festa de seu aniversário, e assim o ciclo vai se repetindo de morte e recomeço, até ela decidir investigar a causa.
Num formato ótimo para quem quer um ótimo entretenimento sem perder tempo com enrolações ou as famosas “barrigas” que acometem as séries mais longas, “Boneca Russa” divide bem seu arco na temporada com a constatação do problema, e a necessária virada feita na metade do arco, onde tudo se torna ainda mais interessante e original.
Além do ótimo roteiro, o design de produção, a trilha sonora e a fotografia se sobressaem na evolução da temporada, se tornando inclusive segmentos fundamentais para a série funcionar em todo seu potencial, e Lyonne empresta um ar de inteligência e um tanto rabugenta que torna crível seu processo de entendimento do problema que vive, que não é nada simples.
“Boneca Russa” é um produto exclusivo da Netflix de rara qualidade, que vale ser prestigiado para os fãs de looping temporal aos moldes de clássicos como “Feitiço do Tempo” (1993), com personagens bem desenvolvidos e interessantes, mesmo que entrelaçados por questões fictícias típicas de filmes do gênero de ficção-científica.