Retomando as atividades e os roteiros pseudo-autobiográficos, o diretor James Gray apresenta seu novo filme “Armageddon Time” que retrata a vida de uma família judia que vive no Queens nos anos 80. Paul Graff (Banks Repeta), o caçula, é um garotinho sonhador e talentoso que aspira ser um famoso artista. Ele demonstra intimidade e talento por desenho e pintura, o que é incentivado por seu avô (Anthony Hopkins – PHD em dilacerar nossos corações). Estudante de escola pública, ele faz amizade com Johnny (Jaylin Webb), um menino negro, pobre, que mora com sua avó, idosa e doente, e sonha em ser astronauta.
Rapidamente eles ficam próximos e passam a sonhar juntos. Curiosos, os garotos discutem música, arte e aprontam muito. Quando são repreendidos no colégio, Paul se depara com a estranheza e conscientização acerca do tratamento diferenciado que recebe, decorrente dos privilégios de sua condição, em comparação ao tratamento despendido a Johnny. Desta forma, tem de lidar com as realidades da injustiça sistêmica e o paradoxo da culpa decorrente de sua inerte cumplicidade.
O filme ganha força ao expor de forma honesta as problemáticas recorrentes em nossa sociedade e a consequente constatação de nossa inércia perante à tamanha solidificação das mesmas. James Gray não se exime e tão pouco subestima a inteligência de seu público oferecendo soluções frágeis ou afagos, mas foca na realidade fatídica e alarmante sob a qual estamos todos – sem exceção – submetidos, independente de nossa bondade, esforço ou vontade.
Apesar de “Armageddon Time” focar em um período específico da história Norte Americana – período pré-eleitoral do extremo conservador Ronald Reagan – não se aprofunda na questão política em si, mas sim na reverberação íntima de cada personagem e sua relação com o político e social com o decorrer dos anos. Como parte desse trajeto da perda da inocência, o avô de Paul, judeu, através do relato da perseguição de sua família, conscientiza o neto de que seus privilégios são fruto de muita luta e resistência, e imprime ao mesmo tempo, a constatação de que tais injustiças são historicamente cíclicas em nossa sociedade.
Nesse ponto, o roteiro ultrapassa o caráter expositivo das questões de privilégio e racismo, justamente por direcionar a crítica a todos nós. O filme é extremamente provocativo, íntimo e geral, à medida em que nos culpa pela crueldade decorrente da pequenez humana e ao mesmo tempo, alerta para nossas falhas e limitações como sociedade, decorrentes da mesma razão.
*Filme assistido na 46a. Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e com previsão de estreia nos cinemas em 10 de novembro de 2022.
ARMAGEDDON TIME- Trailer Oficial (Universal Pictures) HD
10 de novembro nos cinemas Curta a Universal Pictures no Facebook: https://pt-br.facebook.com/UniversalPicturesBR/ Siga nosso perfil no Instagram: https://www.instagram.com/universalpicsbr/ Siga nosso perfil no Twitter: https://twitter.com/UniversalPicsBr Siga nosso perfil no TikTok: https://www.tiktok.com/@universalpicsbr http://www.armageddontimefilme.com.br Do aclamado cineasta James Gray, ARMAGEDDON TIME é uma história profundamente pessoal sobre a força da família, a complexidade da amizade e a busca geracional do sonho americano.