Em todo filme da DC, fico me questionando sobre a potencialidade do universo DC versus como ele é aproveitado/adaptado pro cinema. Tirando os erros inomináveis de casting (Ben Affleck como Batman – só pode ter sido alguém da Marvel, infiltrado na produção de casting que deu essa ideia), penso que faltam aos seus filmes o essencial: coração/identificação.
Questionamento ousado para se fazer no fervor atual da internet e também no começo de um texto. Eu sei. Mas vem comigo até o fim desse texto antes de tirar suas conclusões, porque farei o mesmo.
A construção subjetiva, da psique, da grande maioria das personagens do universo DC fica em segundo plano, tendo como foco os poderes e/ou função da personagem no universo no qual ela está inserida. Na verdade, os super herois da DC são SUPER, em todos os sentidos da palavra. Além de poderes excepcionais, raramente apresentam falhas de caráter que geram identificação conosco – seres humanos, mortais, errôneos, complexos. São colocados em posições tão ultra inatingíveis que dificultam nossa identificação com eles, o que justifica, muitas vezes, a preferência pelos chamados anti-heróis – vide Arlequina.
Colocada essa questão – vamos ao Besouro Azul.
Jaime Reyes (Xolo Maridueña), é o primeiro de uma tradicional família mexicana, imigrante, a obter um diploma de graduação. Quando volta à sua cidade natal, é recepcionado pela calorosa explosão de alegria, orgulho e amor por parte de sua família, mas também, pela realidade da situação financeira da mesma, que luta para sobreviver em um país conhecidamente xenófobo, pós-governo Trump.
Em busca de novo emprego, seu caminho se cruza com o de Jenny Kord (Bruna Marquezine), herdeira de um conglomerado industrial que produz armas, liderado por sua tia maquiavélica Victoria Kord (Susan Sarandon). Pelo acaso do destino (ou não), ele acaba sendo portador do escaravelho, um objeto poderoso, capaz de se unir ao seu hospedeiro, o transformando em uma máquina invencível. É o que acontece. Ele é escolhido pelo escaravelho e se torna o Besouro Azul.
Voltando aos questionamentos, passo ao próximo: comecei o filme extremamente incomodada quanto à esteriotipação das personagens mexicanas. Por que é isso né, apesar de ser dirigido por Angel Manuel Soto, porto riquenho, o filme é americano e por mais que tente dar voz aos mexicanos, de fato eles são colocados como arquétipos culturais.
Entretanto, a escalação nesse sentido é muito acertada, com atores experientes, como o comediante George Lopez, que encaram a oportunidade sem medo de ser feliz e acabam superando as problemáticas de suas personagens, com competência e carisma.
Quanto a Bruna Marquezine, deve ser intimidador assumir o primeiro papel em Hollywood, numa grande produção, com uma personagem que lida com a vilania de, ninguém mais, ninguém menos, Susan Sarandon. Pelo menos é o que aparenta. Bruna Marquezine pisa extremamente tímida e reticente em solo desconhecido. Deixa de aproveitar diversos momentos que o roteiro oferece à sua personagem, que tem tudo para ser um contraponto complementar e muito interessante ao herói, já que possui curvas dramáticas instigantes, que oscilam entre o humor e o drama. Isso sem contar as cenas de ação. Mas calma, ela entrega o que lhe é pedido, nos deixando com a expectativa pela continuação e desenrolar (mesmo, inclusive no sentido de fluidez) de sua personagem.
Para caminharmos pro encerramento, por mais que tentemos resistir, o filme se pauta e nos capta justamente na dinâmica familiar central. Ponto também para as cenas de ação, que do meio para o final, acabam ficando mais elaboradas.
Em resumo, Besouro Azul acerta em um ponto crucial – nosso coração. Repleto de momentos divertidos e carismáticos, mesmo com todos os apontamentos feitos aqui, você termina o filme relevando diversas coisas e embarcando na EMPATIA da família Reyes que, independente de qualquer situação, não esmorece, segue em frente e dá tudo de si pelo melhor, sempre tentando manter o bom humor – Consegue se identificar?
Caso você ache que tudo o que eu disse não passa de abobrinha, lembro que essa é uma percepção subjetiva, o que nos leva ao início do texto – identificação – é sobre nos identificarmos, nos aceitarmos como os seres imperfeitos que somos – humanos – afinal, estamos anos-luz de qualquer perfeição heróica, eu inclusive.
Besouro Azul | Trailer Final Oficial
A família Reyes acaba de ganhar seu primeiro super-herói. #BesouroAzul – 17 de agosto, somente nos cinemas. A Warner Bros. Pictures apresenta Besouro Azul, a estreia do super-herói da DC na telona. Dirigido por Angel Manuel Soto, o longa-metragem é estrelado por Xolo Maridueña no papel-título e do alter ego do super-herói, Jaime Reyes.