“CALIBRE” (2018), de Matt Palmer
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9.5

Onde ver: Netflix

A incrível película “Calibre” (2018) é a estreia marcante e talentosa do escocês Matt Palmer, que escreve e dirige a obra. O texto sobrecarregado apresenta camadas sobre escolhas e poder de decisão.

O filme ensaia sobre causa e consequência com um olhar impecável de Matt Palmer; e, claro, ensaia também a temível linha tênue entre certo e errado. O longa transita pelo drama, passa por suspense e chega a um pontual terror psicológico. A trama sufocante segue dois amigos que vão ao interior bucólico da Escócia caçar cervos.

Em pouco tempo de tela, Matt Palmer nos joga seu primeiro e cruel twist. Pronto, impossível largar o filme. Somos presenteados pela dinâmica da dupla de ótimos atores: Jack Lowden e Martin McCann. Um completa o texto do outro. Um decisão ímpar da dupla desencadeia uma sucessão de efeitos que causam extremo desconforto. O mestre do terror, Stephen King, chegou a elogiar a obra assim que foi lançada. Claro: há momentos em que parece estarmos numa densa floresta no interior do Maine de King.

Na aflição do terço final da produção, o plano geral dá lugar a planos mais fechados e cores escuras, com menos luz. Palmer nos enclausura em sintonia com o que assola a dupla principal. O ótimo uso da steadicam em algumas partes do ato final emula ainda mais a angústia, o desconforto, desespero e aprisionamento já presentes por ali.

E nesta primeira excelente obra de Matt Palmer, temos uma maneira extremamente intensa de mostrar o quão forte é o poder de uma escolha. Uma obra profunda, nada convencional, que provoca o debate fora da tela em torno dos exatos pontos de decisões de nossas vidas. Talvez o único clichê do filme seja a mensagem sugerida pela dramaturgia: algumas escolhas nos acompanham a vida inteira. E não, não há um dia sequer que você possa deixar sua mente (leve, um pouco) sem pensar em tal discussão chave.