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7.5Nota da Hybrido
Votação do leitor 2 Votos
8.5

Baseado em livro homônimo de Stephen King, “Doutor Sono” é a continuação do clássico de Stanley Kubrick, “O Iluminado” (crítica AQUI), que nos traz de volta ao universo sinistro de visões e espíritos criados pelo famoso autor, cercado de expectativas com relação ao filme original – por sinal, muito criticado por King na época de seu lançamento.

Aqui vemos Danny (Ewan McGregor) na fase adulta, ainda lidando com traumas infantis vinculados ao Hotel Overlook, ocorridos no filme anterior, e com o alcoolismo. Seu processo de cura é interrompido ao entrar em contato com a jovem Abra, que possui o mesmo dom de Danny.

Quando Abra toma conhecimento do assassinato de um garoto por uma gangue liderada por Rose Hat (Rebecca Ferguson), que se alimenta do medo e do sofrimento daqueles que possuem o mesmo dom dela e de Danny e que descobre o poder em Abra, resolve perseguí-la, forçando a Danny intervir em defesa da menina.

Mike Flanagan, que curiosamente monta e escreve os próprios projetos, aqui consegue criar uma boa história aproveitando o material bibliográfico, dando boa profundidade às consequências positivas e negativas sofridas pelo seu protagonista em sua infância no filme anterior, e trabalha bem a questão dos “iluminados” e camadas desse dom.

Os antagonistas liderados por uma ótima Rebecca Ferguson no papel da líder da seita que persegue os “iluminados” tal qual vampiros buscam sede e bastante referenciados no ótimo “Quando Chega a Escuridão” (1987), são também bem posicionados na história, criando um bom arco por si próprios.

Porém, essa boa história vai se perdendo aos poucos nas excessivas referências a cenas clássicas do filme anterior, atendendo a um desnecessário e cansativo fan service que nos afasta da história envolvendo a relação de Danny com Abra pela compreensão do dom e a ameaça do grupo que os persegue, para inserir novamente questões já superadas do filme original.

Esteticamente Flanagan consegue emular muito da linguagem cinematográfica que Kubrick empreendeu no filme anterior, mesmo em cenários novos e originais, seja na fotografia, edição e na boa trilha sonora e edição de som, essencial para o clima e os jump scares inseridos na melhor tradição do gênero de terror.

Por fim “Doutor Sono” se mostra um ótimo filme que não teve coragem de abraçar até o fim o novo mundo que apresentou na sua premissa, se agarrando nos simbolismos e cenas clássicas do filme anterior provavelmente por razões comerciais, mas no final a equação fica ainda assim satisfatória pelo talento de Flanagan em filmes do gênero.