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8.5Nota da Hybrido
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Filmes sobre strippers geralmente escorregam para o romance, seja drama ou comédia, sobre aquelas meninas fazendo o possível para sair daquela vida, seja por um pretendente de sonhos, seja vencendo naquela vida e construindo outra melhor. Definitivamente “Showgirls” não segue nenhuma dessas fórmulas, e talvez o olhar do seu diretor explique isso.

Paul Verhoeven geralmente nos traz visões muito ácidas e controversas sobre temas contemporâneos, e em “Showgirls” não é diferente: acompanhamos a misteriosa protagonista, que chega com uma mão na frente e outra atrás em Las Vegas, com o sonho de ser tornar uma dançarina, sem maiores explicações sobre seu passado.

Mas na verdade, ela é apenas o fio narrativo e condutor para o espectador conhecer as minúcias dos bastidores do mundo da dança noturna da cidade, seja em inferninhos ou nos grandes cassinos de hotéis, seja no entorno que alimenta o sonho do sucesso, ou ainda, seja de quem já possui o poder da fama, ou sobre os engenheiros daquele mundo ilusório.

Verhoeven escalou de forma perfeita a atriz Elizabeth Berkley para o papel de protagonista, pois sua limitação compõe muito bem a aura de sua personagem, que se impõe fisicamente aos desafios da dança sensual assim como sua intérprete, com impulsos agressivos e pouco planejados.

Além dela, Gina Gershon como sua rival já estabelecida com fama e reconhecimento naquele meio, e Kyle MacLachlan como o cínico e oportunista empresário daquele mercado, compõem muito bem o ambiente criado em torno do universo dos shows sensuais dos cassinos/hotéis de Las Vegas.

O design de produção é caprichado, e o roteiro consegue dar um arco interessante de construção, apogeu e reflexão á protagonista, sem deixar de caprichar na profundidade de quem a cerca no processo, construindo um drama de teor erótico com diversas camadas exploradas, mesmo com algumas escorregadas como o ar paternalista dado ao cafetão e primeiro patrão da protagonista, interpretado por Robert Davi.

“Showgirls” foi um filme muito bombardeado na época de seu lançamento, e que o tempo construiu uma merecida casca de cultuação e reconhecimento à visão pouco ortodoxa de Verhoeven, já que seu cinema se aplica bastante nos dias atuais pela banalização mercantil dos corpos nessa área da dança, na busca da mulher pelo controle da exploração do próprio corpo.