O quarto filme da saga “Matrix” lançado nesta semana, dirigido apenas por Lana Wachowski, traz para os espectadores algo muito além de uma peça de nostalgia a ser revivida em novo tempo nas telonas, com os mesmos dois protagonistas dos filmes anteriores. “Matrix Resurrections” traz muito do que evoluiu no mundo de lá para cá, e se utiliza do material original dos três filmes anteriores como metalinguagem explorada com excelência para se fazer entender como a matrix se reorganizou após os incidentes da trilogia original.
O nível de dependência dos indivíduos com relação á tecnologia e seus mundos virtuais é a nova arma da matrix, onde coloca seu principal adversário, novamente denominado Thomas Anderson. como um renomado e depressivo designer do game popular chamado…..”Matrix”. Lá ele convive com sessões de análise, calmantes e relações superficiais e tediosas com as pessoas à sua volta.
A forma como a Resistência o localiza, busca conscientizá-lo de sua condição e as subsequentes ações de um Neo ressuscitado num novo conceito de realidade e virtualidade, concentrado bastante em sua pregressa relação com Trinity como combustível dramático e sua busca para tê-la de volta, é a força motriz deste filme, e nesses aspectos o filme se estabelece como uma obra excepcional no equilíbrio entre o mosaico social atual e a crítica ideológica necessária ao status da condição humana frente à esse novo mundo.
O universo de Matrix é todo constituído em exageros, plasticidade de cenas de ação ou dramáticas e conjugação perfeita entre o entretenimento e a filosofia, e aqui tudo não se conjuga com perfeição pela necessidade de uma narrativa expositiva a todo momento que desgasta e tenta diluir o fantástico (ainda bem que não o suficiente), mas não prejudica a obra em toda a sua proposta de encenação.
Se as cenas de luta não possuem a mesma plasticidade de outrora, ou se as cenas de ação não tenham sido filmadas com a excelência técnica dos filmes anteriores provavelmente por questões orçamentária, “Matrix Resurrections” sabe ressignificar os valores que revolucionaram o cinema no lançamento do primeiro com injeção de carga dramática de qualidade no aprofundamento da conexão entre Neo e Trinity para além do romance, que supera até mesmo as limitações do elenco (que são muito bem explorados nas principais cenas naquilo que conseguem entregar dentro de seus icônicos personagens) e constrói bons subtextos que qualificam esta nova obra.