Avaliação Hybrido
7Nota do Autor
Votação do leitor 1 Voto
9.0

A todo momento o cinéfilo mais antenado acaba vendo um novo lançamento de algo ligado à franquia “Predador”, iniciada pelo ótimo filme original de 1987 dirigido por John McTiernan e estrelado por Arnold Schwarzenegger, porém seguida de vários filmes mais fracos e sem a consistẽncia do original, seja com outros protagonistas ou colocando a própria criatura como protagonista, seja flertando com outros gẽneros.

Então o mérito deste “O Predador: A Caçada” é justamente ambientar uma história, mesmo que básica, e inserir a criatura referência para segmentação de fãs num novo contexto, e é bem rica a escolha para um período antológico e centralizada numa comunidade ligada antropologicamente à América como a indígena, através de sua jovem protagonista que busca seu espaço dentro de sua aldeia como uma caçadora, e não no papel delegado às mulheres em sua comunidade.

A interseção com debates ainda em voga como o machismo estrutural é óbvia e nem é o forte desta cosmologia criada para inserir a criatura alienígena. A aposta num mundo selvagem e ainda rústico enquanto civilização, em contraste com a visceralidade do comportamento já clássico do alienígena, é o que mais atrai neste filme, e o diretor Dan Trachtenberg (o mesmo de “Rua Cloverfield 10”) qualifica bastante esse universo com boas cenas de batalha ao longo do filme, seja entre humanos, ou em caçadas a animais.

O filme escorrega talvez na descontextualização de certas partes do texto considerando o período histórico retratado, mas a estética responde bem ao desafio, e a direção compensa essas deficiências de roteiro com grandes cenas e momentos, sem desrespeitar a antropologia do personagem alienígena e com uma protagonista que conduz bem a história no seu trabalho de interpretação, associada a um carismático cachorro de caça e bom enredo envolvendo principalmente seu seio familiar.