Avaliação Hybrido
9.5Nota do Autor
Votação do leitor 1 Voto
8.9

Desde 2015 longe das câmeras, Jerzy Skolimowski volta em alto nível num longa de ficção onde coloca um burro chamado EO no centro da trama, nascido num circo e tirado de seu habitat por uma lei polonesa. A partir dessa separação forçada, Skolimowski nos leva numa viagem naturalista com EO por vários ambientes, onde o ponto comum é a instintiva busca do animal pela realidade.

A jornada de EO pode ser encarada como um conto de horror, e mesmo baseado no clássico de Robert Bresson “Au Hasard Balthasar”, aqui Skolimowski usa e abusa na construção de uma mise en scene distópica, muitas vezes nos colocando em primeira pessoa do protagonista e também de humanos e animais que o cercam, ao longo da jornada de EO levado de um lado para o outro e sempre sendo represado para diferentes finalidades, e aos poucos a busca pela liberdade também se torna uma busca pela sobrevivência.

Nesse sentido, o filme acaba se tratando de uma forte narrativa anti-carnívora nos colocando na pele do pobre burro, e Skolimowski nos torna ainda mais impactados por ele iniciar o filme numa relação de amor e carinho com sua tutora, que claramente o blinda do predadorismo humano que só busca a exploração desse animal de diversas formas e sentidos, e o objetivo se cumpre com o excelente fechamento que ao mesmo tempo nos denunciar o curto ciclo de vida animal dentro de uma sociedade dominada por humanos.