Onde ver: Netflix (parte 1) e Amazon Prime (parte 2)
7.9Média Hybrido (parte 1 e 2)
Votação do leitor 6 Votos
8.9

John Wick – chapter 1 and 2 (EUA – 2014, 2017)

O dublê de Keanu Reeves em Matrix, Chad Stahelski, fez sua estreia de gala dirigindo o próprio Reeves nesta perplexa obra sobre vingança. Tudo é milimetricamente cuidado por Stahelski nos dois filmes. Fico impressionado. Ele consegue visceralmente fazer duas boas obras do mais puro gênero de ação. David Leitch, outro ex-dublê, também assinou a direção no primeiro. No segundo, Chad assumiu sozinho. Eles capricharam bastante nos clichês – válidos – a ponto de não nos desviar da tela. As duas obras mantêm quase o mesmo tom.

No primeiro filme, Keanu Reeves dá vida a John Wick, um ex-assassino de aluguel da máfia russa de Nova York. Num início superficial e sem muita fala, sem nos entregar ao certo quem ele é, descobrimos logo que Wick está destruído pela perda da sua esposa. A edição melancólica deste princípio define seu luto. Sua falecida esposa deixa um presente a ele: um cachorrinho. Isso lhe dá vontade de viver novamente. Mas tudo muda a partir de um roubo a sua residência, quando levam seu cobiçado Mustang Boss 429 e matam seu animalzinho de estimação. Isso é o suficiente pra ele voltar ao jogo.

No segundo filme, vemos ainda mais ações (e foi possível sim). Nele tudo é mais neon, mais azulado, mais belo. Ação para se contemplar. Não existem diversas câmeras em cima do protagonista, o que facilita a observação e melhor execução das perfeitas lutas. O uso das armas letais desta vez é um profundo deleite ensaiado. Stahelski se firma como um baita diretor autoral. Neste capítulo dois, é muito mais simples entender as regras e a organização mafiosa do Hotel Continental e todas as suas camadas. Há um desenvolvimento do jogo aqui. Uma missão acontece de maneira belíssima em Roma, devido a um “pedido” da organização e quando ele volta a Nova York, tem sua cabeça colocada a prêmio de novo como na primeira película.

Nos dois enredos, ele não consegue se afastar do serviço de matador que permeia o hotel Continental em Nova York. Sendo assim, sua aposentaria tão desejada não é atingida. Após a morte de seu cãozinho no capítulo I, um ultra-determinado John Wick retorna a seu modo sangue-frio de lidar com a vida que tinha. Ainda que estivesse 5 anos afastado. Ele quis vingança. No primeiro capítulo, o alvo era o filho do seu antigo chefe na máfia: Viggo (um ótimo Michael Nyqvist). No segundo capítulo, o alvo é ele mesmo, perseguido pelo mafioso italiano Santino D’Antonio (um fraquíssimo Riccardo Scamarcio).

Ao se dar conta de quem estão enfrentando, tanto no filme de 2014, como no de 2017, conhecidos do insaciável Wick são chamados para tentar segurar seu impulso, são eles: o bom atirador de elite Marcus (Willem Dafoe) e a fria assassina de aluguel Perkins (Adrianne Palicki) – na primeira parte. Além de um assassino igualmente determinado: Cassian (O rapper Common) – na segunda parte.

Os roteiros são enxutos, não tendo muito o que se desenvolver. Stahelski prefere cuidar das técnicas, devido sua experiência como dublê. Pode-se ver que ele entrega tudo minimamente executado e mais assertivo. O abuso de planos abertos traduz uma edição mais aprimorada, menos picotada: ótimo para se ver as lutas de perto.

Nem surpreendente, tampouco inovador, estes dois capítulos de John Wick trazem de volta a boa sensação em poder contemplar a fina execução de um bom filme de ação. Motivação? Claro. O cachorrinho fez Wick viver novamente. E quando ele sai correndo ao final da segunda parte banido de onde tinha proteção e praticamente aniquilado: temos a certeza de que muito mais violência estilizada viria nessa franquia.