Onde ver: Cinemas
8.5Nota da Hybrido
Votação do leitor 8 Votos
4.6

Representante da Dinamarca para tentar uma indicação ao Oscar de melhor filme internacional em 2020, “Rainha de Copas” é o terceiro longa da jovem diretora Maya el-Toukhy, aqui abordando de forma original um tema delicado como o assédio a menores.

Na história, Anne (Trine Dyrholm) é uma advogada especializada em questões envolvendo crianças e adolescentes, casada com Peter (Magnus Krepper) e mãe de duas meninas. A vida da família é afetada drasticamente com a chegada do filho adolescente do primeiro casamento de Peter, Gustav (Gustav Lindh), que foi expulso de sua escola na Suécia e que chega à Dinamarca para passar férias com o pai e buscar uma escola por ali no próximo semestre.

O roteiro escrito pela diretora e Maren Louise Käehne é muito bem desenvolvido e sabe fazer de seus atos de virada verdadeiros golpes na consciência dos espectadores, com a profundidade que a trama exige pelos temas polêmicos abordados, dando muito material para seu elenco trabalhar dramaticamente aquela história.

Cabe destaque a Trine Dyrholm, que faz um dos melhores trabalhos do ano com sua protagonista Anne, cheia de desejos, ambiguidades e convicção na defesa de seus valores mais caros, e o jovem Gustav Lindh sabe muito bem o tom de seu personagem com toda a instabilidade característica de garotos de sua idade, se equilibrando bem nessa balança emocional proporcionada pelo roteiro.

A opção de el-Thoury de nos tornar cúmplices de praticamente tudo que vai acontecendo com a protagonista na história, dos méritos e de suas falhas, fortalece muito o clima drástico do último ato pela percepção do espectador, e cria todos os elemento que um drama duro e intenso exige, com muita maturidade e uma frieza que traz o estranhamento necessário para sua conclusão.