SRA. HARRIS VAI A PARIS (2022), DE ANTHONY FABIAN
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França. Década de 50. Acompanhamos a simpática Sra. Harris (Lesley Manville), faxineira, que passa seus dias limpando e ajudando os que cruzam seu caminho, enquanto aguarda pelo esperado retorno de seu marido, que está em combate, na guerra. Solícita, discreta e benevolente, ela limpa a casa de pessoas da alta sociedade Parisiense. Em uma de suas faxinas, se depara com um vestido de gala da marca Dior e fica encantada por ele.

Ao receber a notícia de sua viuvez, bem como uma inesperada quantia em dinheiro decorrente de pensão, decide juntar suas economias e ir sozinha a Paris, realizar o sonho de se presentear com um vestido Dior para si.

Ao chegar, é hostilizada por Claudine Colbert (Isabelle Huppert), diretora da marca, que a ignora por conta de sua simplicidade. Entretando, Sra. Harris é acolhida por Marquis de Chass (Lambert Wilson), viúvo, da alta sociedade, que presencia a situação e a convida a assistir o exclusivo desfile em sua companhia. Logo, ela faz amizade com os funcionários da marca e começa sua transformação pessoal.

Através da explosão de carisma da protagonista, vamos rapidamente sendo captados para o universo lúdico do filme, que resgata a nostálgica pureza das relações regidas pela bondade – esta que, por sua vez, é colocada como o instrumento infalível para o merecimento e superação.

Ao estilo Mary Poppins, a protagonista encarna o arquétipo da benevolência em conjunção com a exaltação da potência feminina.

Sra. Harris é, antes de qualquer coisa, uma sobrevivente. O contraponto entre ela e as demais figuras femininas do filme é claro. Ela representa um papel importante na sociedade – o da mulher provedora de si, partícipe da classe trabalhadora. Apesar de sua disparidade econômica com as demais, ela é forte, independente, perseverante e psicologicamente melhor preparada para lidar com as adversidades da vida. Assim, naturalmente cuida e zela por mulheres que não possuem autoconfiança, clareza ou percepção de suas posições perante um sistema patriarcal que sustenta privilégios históricos.

A inteligência do argumento se faz nesse sentido – através de uma história superficialmente frágil e frívola – da compra de um vestido – a moralidade humana é questionada e a as propriedades femininas exaltadas. Para tanto, assim como sua protagonista, o filme se utiliza da leveza e ternura como instrumentos de garantia da abrangência e assertividade de seu discurso, sob uma estética saudosista dos grandes clássicos do cinema, que transcendem idade, linguagem, preconceitos, para criar algo belo, que atinja o coração das pessoas.

O filme é acalentador, mas não se engane – Sra. Harris sabe a todo momento para onde está indo, nos fazendo um terno convite a analisar o amor e gentileza como símbolos de força, prosperidade e mudança.

 

Sra Harris vai a Paris | Trailer Legendado

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