O MENU (2022), de Mark Mylod
8.7Pontuação geral
Votação do leitor 2 Votos
9.5

Julian Slowik (Ralph Fiennes) é um chef de cozinha conhecido por seu brilhantismo e excentricidade. Dono de forte temperamento, sua cozinha é ambiente privilegiado, no qual a comida é equiparada a obra de arte, apreciada por meros comezinhos deglutidores, que jamais absorverão ou entenderão a proeza do que está sendo ingerido.

Participar de uma experiência gastronômica com Slowik é um privilégio tão grande que demanda uma viagem de barco até uma ilha, sem localização revelada, para participar de um exclusivo evento de degustação de experimentos gastronômicos auspiciosos, excêntricos e militarmente planejados.

Assim, um seleto grupo formado por empresários, críticos gastronômicos, playboys e artistas chega a ilha sob grande expectativa.

O chef faz sua esperada aparição, dando início a noite com um egóico show, liderado por ele e performado por seu exército de cozinheiros, garçons, sommeliers e maître, sempre a postos.

Nada passa despercebido ao olhar atento do chef e de sua alcateia gastronômica, bem como, do crivo de Margot Mills (Anya Taylor-Joy), que observa com exclusão e estranheza os acontecimentos.

A sequência dos pratos começa e a cada apresentação, o apreço pela excentricidade vai sendo substituída pela constatação do ambiente de tensão.

A crítica à burguesia avança para uma análise do comportamento humano em seu instinto mais primitivo, o de auto-preservação, em que as aparências e a falsa moralidade rapidamente dão espaço a hipocrisia, egoísmo e violência.

O filme faz morada na sátira social conduzida pelo expoente diretor Buñnuel em seu “O Anjo Exterminador”, mas diferente do surrealista, que critica a burguesia em sua totalidade, sem protagonismos, Mark Mylod demanda sua atenção para a figura de Slowik, como a personificação do Anjo Exterminador, que toma atitudes absurdas, sob a égide da justiça e moral, procurando e punindo culpáveis.

Ademais, temos a relação dele com Margot, pessoa na qual Slowik reconhece a representação da negação coletiva à esta ordem social elitista, injusta e vazia, se equiparando a ela como instrumento de oposição aos desvios sociais e concedendo à mesma o mérito da escolha.

O filme se une à leva dos ótimos longas que satirizam e criticam de forma ácida a falta de empatia que gere o comportamento de classes elitistas, bem como, o ser humano em sua individualidade, mas seu diferencial é colocar o espectador como ferramenta ativa dos eventos, imputando a ele a responsabilidade da resposta emocional.

Não necessariamente original em seu discurso, se trata de provocação que permanece relevante e necessária, uma vez que expõe comportamentos perpetuados e presentificados em nossa suposta coletividade – vide o período pandêmico.

Parte essencial do filme é a sequência, evolução e as reações comportamentais perante os acontecimentos que, à parte de quaisquer relativizações, referências e/ou comparações cinematográficas, permanecem surpreendentes,  validando a experiência.

 

O Menu | Teaser Trailer Oficial Legendado

Prove. Saboreie. Aprecie. Viva a experiência de #OMenu com Ralph Fiennes, Anya Taylor Joy, Nicholas Hoult e John Leguizamo. Em breve exclusivo nos cinemas. Inscreva-se no canal e seja o primeiro a receber nosso conteúdo. Siga-nos na sua rede social favorita e receba as principais notícias sobre os nossos títulos!