A fim de preparar o leitor para mais uma das obras do aclamado diretor espanhol Pedro Almodóvar, preparamos um singelo top 5 deste ícone do cinema. Seu novo trabalho que chega às telonas nesta semana, “Dor e glória” (Dolor y gloria, 2019), concorreu à Palma de Ouro em Cannes este ano, mas levou mesmo foi o prêmio de melhor ator: Antonio Banderas.

O diretor espanhol é famoso por abusar das cores primárias expostas fortemente a fim de provocar nossa mente com os mais diversos sentimentos intimistas. Ele retrata a realidade urbana num olhar extremamente clínico e exótico. Almodóvar trabalha os elementos escandalosos, apresentando-nos histórias que causam estranheza. De fato, o diretor domina sempre de maneira soberba o uso das cores. Essa soberania facilita abordar diversidade sexual e exploração sexual feminina.

Pedro Almodóvar ganhou o planeta sendo reconhecido nos quatro cantos. O cineasta levou pra casa 6 Goyas (maior prêmio na Espanha), 4 Baftas, 4 prêmios em Cannes (mas não a Palma), 2 Globos de Ouro e 2 Oscars. Mesmo sendo assaz autoral, eu já cheguei a compará-lo com Stanley Kubrik no que diz respeito à montagem ultramoderna de alguns de seus ambientes, no domínio total do design de produção e às vezes por ser um tanto futurista. Nesta lista, ele mostra bem toda sua segurança com a câmera.

Vamos ao top 5:

 

5º – Mulheres à beira de um ataque de nervos (Mujeres al borde de un ataque de ‘nervios’ – ESP – 1988)

 

Almodóvar alcança seu sucesso mundial com esta comédia um pouco novelesca, mas sensacional. Antonio Banderas já despontava como queridinho do diretor. Ele e Carmen Maura estão realmente muito bons nesta película. O diretor conta a emaranhada história de uma atriz e dubladora, Pepa, que é abandonada por seu amante Ivan sem maiores explicações. Vale dizer que Pepa está grávida e ninguém faz ideia.

Na louca busca pelo amante em fuga a fim de saber por qual razão ele teria sumido de sua vida, Pepa vai confrontar diversos tipos de personagens em seu caminho nas mais exageradas relações. Dentre elas, destaque para o rude filho de Ivan: Carlos (o personagem de Banderas). São descobertas inusitadas e um show de atuações. Era a primeira vez que eu via uma película tão complexa de Almodóvar.

Trailer: “Mujeres al borde de un ataque de nervios” Almodóvar

Lançado em 1988, “Mujeres al borde de un ataque de nervios” (Mulheres à beira de um ataque de nervos), é uma comédia espanhola dirigido por Pedro Almodóvar. O filme conta a história de Pepa que, depois de uma longa relação com Iván,é deixada pelo marido.

4º – Má Educação (La mala educación – ESP – 2004)

Já consolidado com sua narrativa irreverente, Almodóvar conta aqui a história de dois meninos no início dos anos 60, final da temida era Franco: Ignacio e Enrique. A trama envolve a escola cristã do diretor Padre Manolo e as descobertas dos meninos em suas precoces vidas. São temas como abuso sexual, pavor e amor.

Há quem diga que o diretor conta aqui uma boa parte de sua vida. É um filme sedutor. Almodóvar afirma que aqui fez apenas questão de mostrar a educação de padres rigorosos e abordar temas afiados numa época bem ortodoxa do governo espanhol. Vale destacar um ótimo Gael Garcia Bernal na pele do sincero e desiludido Ignacio.

Trailer Má Educação de Pedro Almodóvar

Leia uma resenha sobre o filme em: https://osintelectuais.wordpress.com/2015/03/25/resenha-do-filme-ma-educacao/ PARA MAIS CONTEÚDO SOBRE Arte, Cinema, Literatura, Teatro e Cultura em geral acesse: https://osintelectuais.wordpress.com/

3º –  Volver (Volver – ESP – 2006)

Eis que somos presenteados com o cinema do absurdo de Almodóvar. Ele passeia por diversos gêneros nesta obra: comédia, suspense, drama e fantasia. Eu considero este um dos pontos altos de sucesso do espanhol. A produção faz uma homenagem plena à força da mulher, à sua resistência e – claramente – à sua beleza natural. Diversos são os planos do diretor dando foco às curvas femininas.

O fantasioso, mas completamente plausível aqui (se é que isso faz sentido) é: uma mulher morre e assim retorna à sua cidade natal para tratar de situações que não foram bem resolvidas ao longo de sua vida. Raimunda e sua irmã Sole visitam o túmulo da mãe numa vila exótica chamada Alcanfor de las Infantas. A ótima atriz Carmem Maura é quem interpreta a mãe, que aparece na casa das filhas na figura de um fantasma.

Trailer oficial – Volver

Trailer oficial “Volver” (Pedro Almodóvar, 2006). http://www.eldeseo.es/volver/

2º – Fale com ela (Hable com ella – ESP – 2002)


Para muitos, Pedro Almodóvar atinge de fato seu auge com este “Fale com Ela”. Aqui ele aborda a beleza da dança, a magia do cinema mudo, o poder da comunicação, além daquilo que ele mais gosta: relações interpessoais das mais estranhas possíveis.

Após se conhecerem num teatro, Benigno e Marco começam a tal esquisita e forte amizade. Os dois, numa clínica, tomam conta intensamente das mulheres que amam e que se encontram em um coma profundo. Um filme emocionante, coberto com um brinde que me foi de arrepiar: Caetano Veloso e Elis Regina dão um toque singelo a esta obra.

Fale com Ela | 2002 | Trailer Legendado | Hable con ella

Sinopse O filme trata do amor e da amizade a partir da historia de dois homens cujas vidas se cruzam no hospital onde estão internadas as mulheres que eles amam. O primeiro é Benigno, o enfermeiro de Alícia, em coma há quatro anos. O outro é Marco, um jornalista que vela por sua amada, a toureira Lydia.

1º – Tudo sobre minha mãe (Todo sobre mi madre – ESP/FRA – 1999)


Almodóvar apresenta aqui sua melhor obra. Difícil cravar, mas é. Nesta produção, ele é magistral em relatar de maneira sublime a maternidade, homenagear o amor, e seguir com as mais problemáticas relações pessoais em tela. Pra variar. O diretor espanhol dá um show no abuso das cores primárias. A cada frame, um tom forte de cor remete à diversidade sexual e – claramente – ao próprio amor.

A forte e batalhadora mãe Manuela – na gigante interpretação de Cecilia Roth – chega à beira da loucura, ao perder seu filho no dia em que ele completa 17 anos. Após a tragédia, Manuela vai à exótica Barcelona em busca do pai de seu filho – uma transexual que nem sabia ter sido pai – a fim de contar sobre o ocorrido. Vale o destaque à atuação de Penelope Cruz: uma incrível freira grávida.

Tudo Sobre Minha Mãe (Trailer)

No dia de seu aniversário, Esteban (Eloy Azorín) ganha de presente da mãe, Manuela (Cecilia Roth), uma ida para ver a nova montagem da peça “Um bonde chamado desejo”, estrelada por Huma Rojo (Marisa Paredes). Após a peça, ao tentar pegar um autográfo de Huma, Esteban é atropelado e termina por falecer.