"X" (2022), de Ti West
8Pontuação geral
Votação do leitor 2 Votos
8.8

Onde: breve nos Cinemas (previsão 28 de julho – sujeito a alterações)

 

Pegue um pouco de Boogie Nights, uma pitada de Psicose, alguns daqueles filmes de terror B que passavam no SBT e uma grande dose de O Massacre da Serra Elétrica. Adicione a isso, a produção de Sam Levinson, de Euphoria, mais o talento em escolher projetos da queridinha da galera: A24. O resultado é “X”, dirigido por Ti West.

A trama acompanha um grupo de atores, nos anos 70, viajando até uma fazenda no interior do Texas (onde já vimos isso??), local onde filmarão um pornô. Quando os donos do local, um casal de idosos recluso, descobre o motivo pelo qual os visitantes alugaram o espaço, as coisas ficam complicadas para os viajantes. Entregar mais do que isso mata (sem trocadilho) toda a graça do porquê eles serão caçados um por um.

Como bom filme de terror slasher, o sangue e o gore são bem feitos, mas representam apenas um toque a mais na trama. X passa quase uma hora, mais da metade do tempo do filme, preparando o terreno, criando a tensão e, principalmente, apresentando todos os personagens para que, nos momentos decisivos, possamos de fato reagir aos acontecimentos.

É interessante acompanhar esse tempo que Ti West dedica aos seus personagens. Da motivação de Maxine e a busca pela fama, o ex-soldado do Vietnã e seu fascínio pelo próprio corpo e o diretor que quer entregar uma obra de arte em seu filme adulto, citando referências do cinema francês e buscando enquadramentos artísticos para as cenas de sexo. Aliás, o sexo é fator primordial para a trama e rende momentos de tensão além dos jumpscare e da matança. A discussão entre o aspirante a diretor e a namorada, bem como as consequências da conversa,são prova disso.

A tensão é construída em um ritmo ágil, mas que nunca atropela a trama. Acompanhamos com calma o encontro do grupo com os donos do local, a iminência do flagra nas filmagens do sexo e a motivação dos assassinos. São cenas longas, bem filmadas e com um ótimo trabalho de som e montagem. Aliás, os paralelos entre as cenas que o grupo está filmando e a realidade do que está acontecendo na propriedade é um dos pontos altos do filme. A cena do banho de Maxine no lago também merece destaque, com a câmera posicionada metros acima da água e um ritmo angustiante.

Como um bom exemplar do gênero, X não deixa de lado as metáforas e discussões sobre temas, tanto da época em que o filme se passa, quanto as mais universais para os tempos atuais. Temos a inquietação da juventude e a contestação do estado das coisas, a sociedade conservadora, os traumas das guerras e talvez a mais universal de todas: a passagem do tempo.

X, assim como o ótimo Fresh, é uma grata surpresa do cinema de horror em 2022. Ambos, aliás, foram destaques em grandes festivais desse ano: SXSW e Sundance, respectivamente. O gênero ainda terá, em 2022, Jordan Peele e Nope, com o diretor juntando mais uma vez o terror e as temáticas sociais. X é mais uma prova que essa continua sendo a mistura perfeita para o gênero.