FESTIVAL DO RIO 2019
8Nota da Hybrido
Votação do leitor 0 Votos
0.0

Bertrand Bonello é um dos cineastas mais talentosos na atualidade do cinema francês. Depois do ótimo e controverso “Nocturama” (2016), ele nos traz um filme de abordagem interessante sobre a cultura haitiana e suas conexões com a França atual em “Zombi Child”.

A história corre em duas linhas do tempo. Uma no Haiti de 1962, onde um homem morre envenenado e é trazido de volta à vida e usado como escravo numa plantação de cana de açúcar. Já na França em 2017, uma estudante haitiana integra uma tradicional escola, e se enturma com adolescentes francesas contando a história de vida de sua família, envolvendo vodu e tradições tribais, que desperta o interesse de uma delas, apaixonada por um rapaz distante.

Bonello explora as questões tradicionais de cultura haitiana sem expor muitos detalhes ou explicações, com sua tradicional estética visual e transpõe discussões sobre o colonialismo francês através de sua história relacionada ao Haiti e pelas aulas na esscola francesa, expostas ao longo do filme.

Se a opção pela narrativa entre dois tempos distintos funciona como complemento uma da outra, o filme se complica no ato final, exatamente no momento de unir as duas histórias num eixo que desse coerência àquele contexto, e o que ocorre é praticamente o contrário, mesmo com a intenção clara de demonstrar como as tradições são enterradas pelas necessidades econômicas atuais.

Porém, a originalidade do enfoque acaba sustentando o resultado final que, apesar de decepcionar os que acompanham mais de perto a filmografia de Bertrand Bonello, entrega algo substancial em termos de linguagem e estética cinematográfica enquanto cinema autoral.