Co-produção entre Itália e Brasil e representante do cinema italiano pro Oscar 2020, “O Traidor” é o novo filme do diretor Marco Bellocchio que concorreu à Palma de Ouro do Festival de Cannes deste ano, com um novo olhar sobre a Cosa Nostra no cinema dentro do gênero dos filmes de tribunal.
Aqui contam a história real de Tommaso Buschetta (Pierfrancesco Favino), que era conhecido como “o chefão dos dois mundos” e se torna o primeiro arrependido da máfia italiana, que colaborou com a instrumentação dos juízes Falcone e Borsellino sobre a organização da Cosa Nostra.
A colaboração de Buschetta foi decisiva para a intimação dos lideres da Cosa Nostra aos tribunais italianos, e ele passou a ser conhecido entre os membros da máfia como “O Traidor”, mudando completamente seu estilo de vida e de sua família.
Bellocchio optou por uma abordagem narrativa seguindo a linha narrativa do processo, intermediada por breves e pontuais flashbacks em questões importantes que envolveram a organização da Cosa Nostra, num trabalho bem desenvolvido pelo roteiro no filme.
Porém, a montagem do filme e a valorização dos momentos de acareação e procedimentos jurídicos do caso atrapalham o ritmo do filme, prejudicando um pouco o ritmo da história ao amarrar-se demais nos detalhes de cada fato exposto.
Pierfrancesco Favino não se destaca no papel do protagonista mesmo com as possibilidades dramáticas que seu personagem sofre a cada opção perante as denúncias de seus pares, e enfraquece um pouco o poderio da história, mesmo com a boa ambientação da história nos detalhes cênicos, na fotografia, na maquiagem e nas poucas cenas de ação.
Por fim “O Traidor” deixa a desejar para os que curtem filmes de máfia, se colocando apenas como um correto e sóbrio filme de tribunal, que pelo menos chega a ser curioso aos que não estejam habituados ao cenário dos tribunais italianos.